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Neymar: a trajetória de um talento que nunca alcançou seu potencial máximo

Por Roberto Maia


O domingo que marcou o Santos contra o Vasco com uma humilhante goleada de 6 a 0 no Morumbis trouxe uma imagem que simboliza perfeitamente a carreira de Neymar: o craque chorando no gramado, sendo consolado pelo técnico do time adversário. Aos 33 anos, após percorrer alguns dos maiores clubes do mundo, Neymar se encontra novamente onde tudo começou, mas agora carregando o peso de uma carreira que, apesar de tecnicamente brilhante, nunca correspondeu às expectativas criadas.


Contrato com o Santos vai até o final do ano e Neymar tem pouco tempo para redimir uma carreira em que seus fãs esperavam muito mais dele. (Foto: Reinaldo Campos/Santos FC)
Contrato com o Santos vai até o final do ano e Neymar tem pouco tempo para redimir uma carreira em que seus fãs esperavam muito mais dele. (Foto: Reinaldo Campos/Santos FC)

A ascensão de Neymar no Santos foi meteórica. Entre 2009 e 2013, o "menino da vila" conquistou três Campeonatos Paulistas consecutivos (2010, 2011 e 2012), além da Copa do Brasil e Copa Libertadores, transformando-se no principal nome de uma geração histórica santista. Era o início de uma trajetória que prometia colocá-lo entre os maiores jogadores de todos os tempos. Em 2013, aos 21 anos, Neymar deu o salto esperado para a Europa, sendo contratado pelo Barcelona por 57 milhões de euros. Na Catalunha, formou um dos trios ofensivos mais letais da história do futebol ao lado de Messi e Suárez. Durante sua passagem pelo Barcelona, Neymar disputou 186 partidas, conquistando a Champions League de 2015 e outros títulos importantes.


Em 2017, veio a transferência mais cara da história do futebol: 222 milhões de euros para que Neymar deixasse a sombra de Messi e se tornasse protagonista no PSG. Em seis temporadas em Paris, o brasileiro marcou 118 gols em 173 jogos, tornando-se o quarto maior artilheiro da história do clube. Números impressionantes que, paradoxalmente, não se traduziram no principal objetivo: a Champions League.


Ironicamente, Neymar disputou menos partidas pelo PSG (173) do que pelo Barcelona (186), evidenciando os constantes problemas físicos que começaram a assombrar sua carreira. As lesões recorrentes, muitas delas ocorrendo em momentos cruciais da temporada, começaram a levantar questionamentos sobre seu comprometimento e preparação física.


Em 2023, Neymar aceitou a proposta milionária do Al-Hilal, da Arábia Saudita, que pagaria 320 milhões de euros por duas temporadas. Contudo, o brasileiro conseguiu disputar apenas sete jogos e marcar um único gol pelo clube saudita até janeiro de 2025, quando rescindiu seu contrato e retornou ao Santos.


Ao longo de sua carreira, Neymar sempre foi criticado por priorizar atividades extra esportivas que, segundo críticos, comprometiam seu rendimento. Festas constantes, polêmicas pessoais e um estilo de vida de pop star frequentemente ofuscavam suas performances em campo.


A Copa do Mundo de 2026 pode ser a última chance de Neymar Jr. alcançar a glória com a Seleção Brasileira. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
A Copa do Mundo de 2026 pode ser a última chance de Neymar Jr. alcançar a glória com a Seleção Brasileira. (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Diferente de outros craques que dedicaram suas vidas integralmente ao futebol, Neymar nunca abriu mão de seu lado celebridade. Esta postura se refletiu diretamente em sua trajetória: tecnicamente superior à maioria dos jogadores de sua geração, nunca conseguiu sustentar a regularidade necessária para ser considerado o melhor do mundo. As lesões recorrentes, muitas vezes relacionadas ao estilo de jogo brasileiro e à falta de uma preparação física mais rigorosa, impediram que alcançasse seu potencial máximo.


Após a humilhação contra o Vasco, Neymar desabafou: "O choro é de raiva, de tudo. Infelizmente, não consigo ajudar de todas as formas", demonstrando frustração, mas também uma postura que suscita questionamentos sobre liderança. Em um momento em que jovens jogadores precisavam de apoio, o veterano se isolou em seu próprio sofrimento.


Com contrato até dezembro de 2025, Neymar tem pouco tempo para redimir uma carreira que, apesar dos números impressionantes e títulos conquistados, será lembrada mais pelo que poderia ter sido do que pelo que efetivamente foi. Sua última chance de glória pode estar na Copa do Mundo de 2026, mas para isso precisará superar não apenas as limitações físicas, mas principalmente adotar uma postura mais madura e profissional. A imagem de Neymar chorando no Morumbis simboliza perfeitamente uma carreira: tecnicamente brilhante, mas emocionalmente imatura para lidar com as pressões e responsabilidades que o talento excepcional exige.


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Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Escritor e editor do portal travelpedia.com.br


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