Corinthians sob pressão: quando a crise financeira e política contamina o campo
- Roberto Maia
- 24 de jul.
- 3 min de leitura
Por Roberto Maia
O Sport Club Corinthians Paulista vive um dos momentos mais delicados de sua história. O que começou como uma turbulência política nos bastidores do Parque São Jorge rapidamente se alastrou para o campo de jogo, criando um cenário de instabilidade que preocupa a Fiel Torcida e coloca em xeque o futuro imediato do clube.

Desde a retomada do calendário nacional após o Mundial de Clubes da FIFA, os números do Corinthians são preocupantes: apenas uma vitória em três jogos pelo Campeonato Brasileiro. O aproveitamento do treinador Dorival Júnior, de 52,4% em 14 jogos, começa a ser questionado por torcedores e internamente pelo elenco. A derrota por 2 a 0 no clássico contra o São Paulo foi o estopim para evidenciar problemas que vão muito além do aspecto técnico.
Segundo informações de pessoas próximas ao elenco, o trabalho do treinador enfrenta resistência no vestiário, especialmente em relação aos métodos de preparação física e ao uso excessivo de análises em vídeo. A saída de Diego Pereira, preparador físico próximo aos jogadores, e sua substituição por Celso de Rezende gerou desconforto no grupo.
Se há um símbolo da crise corintiana no campo de jogo, esse símbolo tem nome: Memphis Depay. Contratado como estrela máxima do projeto do presidente afastado Augusto Melo, o holandês se tornou fonte de desgaste interno. Com salário mensal próximo de R$ 6 milhões, parcialmente custeado pelo patrocinador master, Esporte da Sorte, o atacante tem a receber R$ 4,6 milhões – uma contradição que expõe a fragilidade financeira da gestão.

O episódio mais emblemático ocorreu no clássico contra o São Paulo, quando Depay, estranhamente substituído no intervalo, não retornou ao banco de reservas e permaneceu isolado próximo ao ônibus até o fim do jogo. Lideranças do elenco, como Ángel Romero, já manifestaram publicamente que "ninguém é maior que a camisa do Corinthians", um recado claro sobre a necessidade de nivelamento hierárquico.
A crise transcende questões técnicas e salariais. Com o afastamento de Augusto Melo, o presidente em exercício, Osmar Stábile, tenta manter a estabilidade garantindo a permanência de Dorival Júnior e Fabinho Soldado, mas reconhece que "futebol é resultado" e não pode prever o futuro. A falta de transparência da diretoria sobre questões financeiras, reforços e a situação de Memphis gera cobranças adicionais. O executivo de futebol Fabinho Soldado trabalha para contornar os desgastes, mas enfrenta um vestiário dividido e uma torcida cada vez mais impaciente.
Nos próximos dias o Corinthians enfrenta uma sequência brutal: Cruzeiro (líder), Botafogo (5º colocado) e o clássico decisivo contra o Palmeiras pelas oitavas da Copa do Brasil. Ocupando apenas a décima posição no Brasileirão, o Timão não venceu nenhum dos times que estão à frente na tabela.
A crise do Corinthians é multifacetada e exige soluções urgentes que vão além de mudanças técnicas. Sem estabilidade política, transparência financeira e unidade no elenco, dificilmente o gigante Alvinegro conseguirá superar este momento turbulento que tanto envergonha sua apaixonada torcida.

Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Escritor e editor do portal travelpedia.com.br
Comments