Por Roberto Maia
Assistindo aos jogos das semifinais da Liga dos Campeões da Europa cheguei a uma triste constatação: o futebol praticado no Brasil não mais deveria ter essa denominação! Embora jogado em estádios com campos gramados e com onze jogadores de cada lado, trata-se de um jogo lento, sem criatividade e despojado de talentos individuais. Os jogos entre Paris Saint-Germain e RB Leipzig e Bayern de Munique e Olympique Lyonnais revelaram o tamanho do abismo entre os atuais momentos do futebol europeu e o brasileiro.
No mesmo dia em que vi a classificação da máquina alemã à final da Liga dos Campeões, assisti ao jogo entre o Corinthians e o Coritiba pelo Campeonato Brasileiro. Foi como assistir a um jogo de confraternização em final de ano entre funcionários de empresas antes do churrasco. Ou de times de masters com ex-jogadores e seus muitos quilos a mais em exibições festivas. Se bem que nesse caso ainda é possível ver lampejos do futebol que um dia consagrou o Brasil como o melhor do mundo.
Os jogos semifinais da UEFA Champions League disputados em Lisboa revelaram que mesmo na Europa as coisas estão mudando. Quem poderia imaginar que gigantes como Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid, Juventus, Liverpool, Manchester United e o City, entre outros, ficassem pelo caminho, e dessem lugar às surpresas como o Lyon e o RB Leipzig? Em mais alguns anos o futebol poderá uma ter nova configuração de forças. Os clubes administrados com profissionalismo empresarial e com recursos elevadíssimos começam a apresentar resultados dentro de campo.
Dito isso, o jogo decisivo da Champions 2019/2020, entre PSG e Bayern, que será disputado também na capital portuguesa, no Estádio da Luz (Benfica), promete ser um grande espetáculo futebolístico. Uma pena que a finalíssima será disputada sem a presença dos torcedores por causa da pandemia da Covid-19. E, infelizmente, ela acontece no mesmo horários de jogos do Campeonato Brasileiro, às 16h (horário de Brasília) o que impedirá que os nossos jogadores e treinadores no Brasil assistam e quem sabe se inspirem sobre como o futebol deve ser jogado.
Para o time alemão da Baviera, que chegou à 11ª final da Liga do Campeões, a vitória significará o sexto título continental. Já para a equipe parisiense, que está comemorando 50 anos da sua fundação, será o primeiro. Além do jogo em si, em campo também estarão os principais candidatos ao prêmio "The Best" da FIFA, que premiará o melhor jogador da temporada: Neymar (PSG) e Lewandowski (Bayern). O polonês é o artilheiro da competição com 15 gols, enquanto o craque brasileiro parece finalmente ter amadurecido e tem liderado sua equipe ao lado de Kylian Mbappé, Di Maria e companhia.
Na atual temporada o PSG é o tricampeão francês e também conquistou a Copa da França e a Copa da Liga Francesa. Para chegar à final o time alcançou oito vitórias em dez jogos disputados. Foi o primeiro colocado no grupo A e depois eliminou Borussia Dortmund, Atalanta e RB Leipzig.
Já o Bayern de Munique é o campeão da Alemanha (octacampeão) e da Copa Nacional (bicampeão). Na Liga dos Campeões o time alemão faz uma campanha com 100% de aproveitamento, com 42 gols marcados em dez jogos. Foi o primeiro do grupo B e depois eliminou o Chelsea, Barcelona e Lyon.
Portanto, quem puder trocar os jogos do Brasileirão pela grande final europeia certamente não irá se arrepender. Mas, com certeza, ficará muito irritado com o nível de futebol que seu time de coração anda jogando em terras tupiniquins!
Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.
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