Vieram para Ficar: PIX e os crimes pela internet
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Vieram para Ficar: PIX e os crimes pela internet

Por Coronel Camilo


A pandemia parece estar com seus dias contados. Recentemente vimos a notícia de que vários estados brasileiros não tiveram nenhuma morte pelo coronavírus em 24 horas, uma grande notícia para todos nós. A vida está voltando, gradativamente, ao normal, embora ainda precisemos tomar cuidados, nos vacinar, utilizar álcool em gel e máscaras, por enquanto.


Nem tudo está voltando ao normal como gostaríamos. Um grande problema, aumentado pela pandemia, veio para ficar: os crimes pela internet. Estes golpes tiveram um grande aumento, facilitado pela necessidade do distanciamento, do trabalho em casa - o home office - e pela necessidade de as pessoas utilizarem os meios virtuais para quase tudo: trabalho, compras, reuniões, audiências, comemorações. Porém, eles não acompanharam a redução da pandemia, pelo contrário.


Dados da Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN), dão conta de que os golpes virtuais, principalmente aqueles que manipulam psicologicamente os clientes, enganando-os e os levando a fornecer dados pessoais, documentos, cartões e senhas, aumentaram 165% só no primeiro semestre de 2021 e continuam em tendência de alta. Por meio de mensagens por WhatsApp, e-mails falsos, SMS ou mesmo ligações telefônicas, os clientes são induzidos a acreditar que estão realmente conversando com o seu banco e acabam por cair nos golpes.


Para acrescentar mais um problema a esse cenário, veio a inovação do PIX, uma grande facilidade para a nossa vida e das empresas. A possibilidade de transferência instantânea é realmente uma solução fantástica, demonstrando o grande avanço da tecnologia e do sistema financeiro no Brasil. Mas, junto com esta grande novidade, veio também um grande problema, o aumento dos roubos de celulares, verdadeiras carteiras on-line dos cidadãos, prontas para transferirem grandes quantias para as mãos dos marginais.


O PIX provocou, desde sua implantação, o aumento dos roubos de celulares e do sequestro-relâmpago, com retenção da vítima, para terem a facilidade do acesso à senha e aos bancos. Só até julho, a Secretaria da Segurança Pública registrou crescimento de 39,1% desses crimes, com 206 boletins de ocorrência, houve a prisão de mais de 100 infratores e identificação de outros 74, tudo relacionado ao uso dessa nova modalidade de transação instantânea.


O Banco Central mudou as regras do PIX, reduziu o valor permitido durante à noite para R$ 1.000,00, no horário das 20h00 às 06h00, prazo mínimo de 24 horas para aumento de limite, possibilidade de cadastramento de contas etc. Tudo ajuda, mas nada substitui o cuidado individual de cada um no estabelecimento dos limites - não só do PIX, mas também para outras transações - e, principalmente, no uso e guarda do celular em locais de aglomerações ou situações que facilitem a ação dos criminosos.


Para aproveitarmos e utilizarmos bem a tecnologia, algumas dicas: não revele e compartilhe dados pessoais e bancários ou senha em ligações ou mensagens; não abra e-mails desconhecidos e nunca clique em links desconhecidos; desconfie de promoções, brindes e descontos muito vantajosos; cuidado com o que compartilha nas redes sociais; nunca entregue seu cartão a conhecidos ou ao banco, mesmo quebrado; use senhas fortes e as troque frequentemente e utilize e mantenha atualizado um antivírus no celular, tablet e computador.

Caso seja vítima de algum golpe, troque a senha do seu e-mail, bloqueie seus cartões bancários e de crédito, comunique seu banco, a empresa de cartões e amigos. Na primeira oportunidade registre um Boletim de Ocorrência, que pode ser feito pela Delegacia Eletrônica: www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br.

Cada vez mais inovações vão surgir para facilitar a nossa vida, a tecnologia veio para ficar e os criminosos também vão se aproveitar dela. Por isso, conhecer mais sobre a tecnologia que vamos utilizar e a usar com responsabilidade, vai nos fazer ganhar e viver melhor nesse novo normal que veio para ficar.


Coronel Camilo é secretário-executivo da Polícia Militar. É formado em Administração de empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.

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