Um final de semana “du Carat” na Provence
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Um final de semana “du Carat” na Provence

Por Paulo Panayotis


Porto de Marseille, sul da França. Um dos maiores da Europa. O porto - ou porta - de entrada para a Provence! O voo, via British Airways, chega direto de Londres. Carro alugado, pneu na estrada. Destino: Valensole, uma pequena e luxuriante cidade do interior da Provence. Ao menos no verão! Distância: 100 quilômetros, passando por paisagens de sonhos.

Campos de lavanda em Valensole, Provence

Explico: para quem nunca ouviu falar na Provence, trata-se de uma das fábricas de perfumes da França.

Tudo, rigorosamente tudo natural e a base de lavanda. Impossível não parar, ao longo do caminho, em Aix-en-Provence e em Manosque, lar da Lóccitanne.

Mas meu destino é o platô de Valensole. Queria ver, a olho nú, a colheita da lavanda. Mais: quero sentir todo aquele aroma inebriante que sempre fantasiei lendo livros tipo “Um ano na Provence”. Como sempre, estou sem destino. Não sei o que comerei, onde irei dormir. Só sei que quero sentir o aroma da lavanda pronta para ser colhida. Amigo, posso lhe garantir: a primeira vez que você se depara ao longe com aquelas plantações de lavanda milimétricamente plantadas é um choque de beleza estética.

Meu quarto na residência Du Carat!

Quando vou chegando perto, o quadro estético se altera. Entra em cena o sentido do olfato. O aroma “mata” qualquer possibilidade de não se sentar e ficar sorvendo aroma e estética pelas narinas, olhos, alma! Só fica uma certeza na mente: vou voltar! E em seguida, lembro de que não sei onde vou dormir. Seguindo pelas encantadoras estradinhas da Provence, pergunta aqui, para ali para uma “pissaladiére” (espécie de pizza camponesa típica da Provence que leva cebola, azeitonas, alho e anchovas), surge a primeira dica para repousar os ossos: uma pousada rural! Na França chamam-se Gites de France, ou Les chambres d`hotes. São grandes casas de pedra, ancestrais, que os proprietários, por conta de necessidades financeiras, transformaram em simpáticas e confortáveis pousadas. São a versão atual das antiquíssimas hospedarias que todos vemos naqueles filmes medievais. A dica é direta e afirmativa: “A melhor por aqui é a da Madame du Carat, a uns 5 quilômetros daqui, sentencia o dono da minúscula padaria onde compro minha pissaladiere.

Café da manhã̃ com Madame DuCarat... indequecível

Bingo! Madame du Carat não está em casa. “Saiu para fazer compras” informa o jardineiro. No estacionamento, três carros. À vista, ninguém. Por fora, o imenso casarão de pedra é espetacular. Enquanto olho ela chega. Tem quarto? Sim. Resta um. Ufa! Acomodado, tento sair para ver algo a mais que as estonteantes plantações de lavanda. Inútil. A casa, centenária, tem tantos detalhes que resolvo passar o resto do dia por ali. Isso sem falar do meu quarto, com grossas paredes de pedra, lençóis de algodão cru e um aroma incrível de... lavanda! Ao todo, três quartos e um estúdio maior. Tudo em estilo provençal. Tudo arrumado à perfeição francesa, ou seja, com alguma ordem em meio a uma ligeira bagunça despretensiosa.


Madame du Carat? Uma figura! “Já fui amiga de presidentes, mas, agora, estou feliz com meu sossego e minha propriedade” filosofa ela. Que mais? Viver em meio a bosques, lavandas, natureza! E ainda ganhar para isso! Sim, tem que ter fibra, eu sei! Já tive uma pousada e é trabalho que nunca acaba. Mas as compensações valem a pena. Sonho até hoje com o lugar. Já voltei outras duas vezes. Nunca mais consegui ficar lá. Sempre está lotado. Fiquei apenas um final de semana. Eterno para mim. No domingo pela manhã, tomando o café em um mesão comunitário, vários idiomas sibilavam ao meu redor. Frutas frescas, leite ordenhado a minutos, flores, aromas e sabores.

Detalhe bucólico da propriedade

E madame servindo todos, conversando, cortando frios, vivendo!


Penso comigo mesmo: Que lugar extraordinário! Que vida simples e verdadeira! Essa madame realmente é du Carat! Ah! ficou com vontade? Então todas as dicas da Provence(ex - província do Império Romano) lá no www.oquevipelomundo.com.br. Biensur!

Jornalista Paulo Panayotis nadando em lavanda

Fotos: Paulo Panayotis & Adriana Reis


Paulo Panayotis é jornalista profissional, ex-correspondente internacional de Tv, escritor e viaja com patrocínio e apoio Avis e Universal Assistance.


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