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Tinos, uma ilha grega desconhecida no Brasil

Por Paulo Panayotis


Tinos, ilhas Cíclades - Grécia. Após subir muito, muito, muito, por uma estradinha apertada em meio a despenhadeiros, começa a descida. Assustadoramente inclinada, a estradinha parece não ter fim. Cerca de 400 metros abaixo, contrastando com o cinza das rochas, surgem águas de um azul profundo. Na companhia de um vento fortíssimo, chego ao nível do mar. E que mar! De difícil acesso, praticamente isolada, é inacreditável que exista neste lugar um dos restaurantes mais descolados da Grécia. Thalassáki, ou marzinho (em grego), passou a ser conhecido internacionalmente quando um repórter do jornal britânico The Guardian, escreveu sobre as delícias gastronômicas orgânicas produzidas aqui. Não é barato, porém, é audaciosamente saboroso, inventivo, surpreendente.

Foto: Pirambeira até chegar na praia

Mas a verdadeira vocação da Ilha de Tinos, conhecida desde sempre pelo seu excelente mármore, não está no mar e nas praias, como se espera de uma típica ilha grega. "Vá conhecer os pequenos vilarejos no interior escarpado da ilha", sugere meu primo Kostas Kondos. "São lindos e intrigantes", completa ele. Não imaginava quão intrigantes e surpreendentes eram. Vilarejos surgem na minha frente como uma miragem, um sonho branco flutuando no azul infinito do céu de verão grego. Cidades de pintores, escultores, enfim, de artistas, estão encarapitadas em escarpas rochosas dignas de serem a residência de cabritos e cabras selvagens. No entanto, há vida. Muita vida. E muita cor. Assim é o interior de Tinos.

Foto: Pequenos vilarejos totalmente brancos no meio do nada

Aqui e ali, espalhadas no meio do nada, encravadas no meio de montanhas sem nada ao redor, surgem pequenas vilas com casinhas muito alvas, com portas e janelas azuis da cor do mar. Outrora, a maioria delas vivia da extração de puro mármore e da agricultura local. Desde sempre, portanto, a Grécia foi, é e será orgânica. O sabor dos tomates secos e das alcaparras ainda está na minha boca. Geleia de tomate, louza, um presunto local, fino, com pouquíssimo sal e sabor suave e o queijo tipo gorgonzola local, mais firme que seu primo italiano, fazem a diferença na gastronomia nesta ilha mais rural do que praiana. As pequenas comunidades do interior são tão importantes para a cultura local que cada uma tem sua própria história, costumes e produtos. Todos com a mesma origem, porém, com texturas, cores e sabores distintos.

Foto: Água doce faz de Tinos uma ilha com muita cor

O fato de haver água doce na ilha, pouco comum em boa parte das ilhas gregas, faz com que Tinos seja uma ilha verde. Em determinados pontos, por conta das nascentes de água pura e cristalina, você pode se esquecer de que está no Mediterrâneo grego, no Egeu, e se transportar por alguns segundos para algum país tropical. As placas de cuidado, cabras cruzando a pista, me fazem retornar para a Grécia. Sigo agora para o ponto mais alto da ilha. Sigo em direção à Pyrgos, o vilarejo dos sonhos de qualquer artista plástico. Eu chamo o pequeno e multicolorido vilarejo de Pyrgos de St. Paul de Vence do Egeu. Quem conhece a cidade francesa de St. Paul de Vence, no interior da Franca, sabe do que estou falando. Quem nunca foi precisa ir. E estou falando de ambas.

Foto: Pyrgos, no ponto mais alto de Tinos, é uma pintura

Pyrgos, no entanto, tem um encanto todo próprio, único, original. Em meio a tantos produtos chineses, é um paraíso conhecer esta pequena comunidade extremamente colorida e típica de Tinos. Se você, por acaso, tiver apenas um dia para conhecer esta ilha, esqueça todo o resto e vá passar o dia em Pyrgos. Como de costume, este vilarejo tem em seu centro cultural, econômico e físico, uma igreja ortodoxa grega, claro! No emaranhado de ruas estreitas e repletas de 'primaveras' - conhecidas como Bouganviles na Grécia - surgem cafés charmosos, galerias de arte, um pequeno museu. Creia, você nunca mais vai se esquecer deste pequeno trajeto que se abre para portas e janelas das cores verdes, amarelas, laranjas, vermelhas, azuis, ocres, lilás!

Foto: Centro de Tinos

Ao dobrar uma esquina, você encontra a origem do aroma de pão quente em um ‘furno’ - padaria - local. Enquanto compram pão fresquinho, moradores conversam animadamente e pouquíssimos turistas surgem aqui e ali. Andando em meio a tanta beleza e simplicidade ao mesmo tempo, não só tenho a impressão como a certeza de que o mundo parou. E aqui parou da melhor forma possível. Muita beleza estética por todos os lados, vizinhos se cumprimentam pelo nome, pão quente sai do forno, papos animam o entardecer e tsípuro, a cachaça local, o anoitecer. O que mais? Adorei Tinos. Recomendo. A Grécia é mesmo um verdadeiro sonho! Para mim, o melhor lugar do mundo para tirar férias de verão!

Foto: Jornalista Paulo Panayotis no vilarejo de Pyrgos, onde a água doce faz de Tinos uma ilha com muita cor

Jornalista viaja com apoio da Casa do Chip e da Universal Assitance.

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