Série Especial Viajando no tempo - De Nova Delhi a Mumbai de novo!
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Série Especial Viajando no tempo - De Nova Delhi a Mumbai de novo!

Por Paulo Panayotis


Continuamos nesta semana a revisitar a Índia, que permanece sofrendo com a Covid-19. Quem já esteve por lá sabe que, por causa das condições do país e de sua bilionária população, terá ainda muitas dificultadas pela frente. Enfim, já, já tudo deve voltar ao normal. Até lá, vamos viajar por aqui e rever este país único, incrível! Incrível Índia.

Família sorridente pelas ruas de Nova Deli remete a nova ordem social

Nova Deli, Índia. Há mais de 20 anos, quando pisei no sagrado solo da Índia pela primeira vez, havia um Brasil e meio a menos. Explico. No final dos anos 90, a população tinha acabado de atingir a incrível marca de um bilhão de seres humanos. Hoje chega a quase um bilhão e 400 milhões de almas. Muito mudou desde então. E muita coisa para melhor. Naquela primeira visita, fiquei muito impressionado com a quantidade de pessoas que viviam na rua. Nasciam, cresciam, viviam e morriam pelas ruas. Neste retorno, quase não vi gente dormindo no chão. As legiões de pessoas que andavam a esmo, de um lado para o outro, praticamente desapareceram.

Budha Gigante de Bodhgaya é o maior em toda a Índia

A Índia do século XXI me surpreendeu. Escrevo do trigésimo primeiro andar do meu hotel, o Trident, da rede Oberoi. Falar de luxo seria óbvio. Um luxo que choca se considerar a “ainda” pobre Índia. Passei por Nova Deli, Agra, Jaipur, Aurangabad e agora estou em Mumbai. Ou Bombaim, como era conhecia a pujante capital econômica indiana há alguns anos. Para dar uma ideia, Bombaim (Mumbai) pode ser comparada com uma São Paulo com praia. Oficialmente, 22 milhões de pessoas vivem aqui. Extra oficialmente fala-se em mais de 30 milhões. Depois de Calcutá, é a segunda maior cidade da Índia. Nova Deli vem logo em seguida.

Riqueza convive com homens santos que ainda moram na rua e vivem de doações

Os tais do “rickshaws”, triciclos movidos a energia humana ou a motor praticamente desapareceram do centro de Mumbai. Táxis tomaram seu lugar. Os pintados com as cores preto e amarelo, mais simples, não têm ar condicionado. Os azuis, mais “chiques” dispõem de tal conforto. Edifícios gigantes, como o prédio do hotel de onde escrevo neste exato instante, se espalharam por toda a cidade. Grandes rodovias cortam o país. A infraestrutura turística melhorou muito. Dizem que a qualidade de vida também. Mas como dar escola, emprego, saneamento, infraestrutura para tanta gente?

Cremações a beira do rio Ganges, em Varanasi, cidade sagrada indiana

O custo de tudo isso é visível na poluição que ronda todas as grandes metrópoles. Campanhas governamentais sugerem reduzir as emissões de gás carbônico. “Você é responsável” diz um outdoor. “Cidade limpa é cidade saudável”, diz outro. É o custo do desenvolvimento. Paciência. Tudo muda. Tudo se transforma. Tudo se adequa. Uma coisa, no entanto, não mudou. As pessoas. Lembro-me claramente da alegria e curiosidade com que éramos abordados 20 anos atrás. Uma equipe de televisão, ainda por cima estrangeira, não era comum. Todos paravam. Todos nos paravam. Todos queriam saber quem éramos, o que fazíamos, por que estávamos ali. Todos, absolutamente todos, com um largo sorriso no rosto que refletia a alma.

Olhar franco e direto impressiona: característica do povo

Hoje a Índia faz parte dos BRICs, o grupo dos países emergentes ao qual o Brasil também pertence juntamente com a Rússia e a China. Muito dinheiro rola por aqui. Afinal, quem não quer vender celular para mais de um bilhão de consumidores? Quem não quer abocanhar uma parte da demanda reprimida por moradias, aparelhos eletrônicos, automóveis, vestuário? Não é à toa que vive hoje aqui em Mumbai, o quarto homem mais rico do planeta. Muito consumidor ainda por seduzir. Muito dinheiro por ganhar. Muita coisa por construir. Apesar disso, aquela primeira sensação sobre o povo se transformou em certeza.

Jornalista Paulo Panayotis e guerreiro da etnia Sickh

Andando pelas ruas deste país único, confirmo o meu sentimento do passado. O povo continua curioso. E muito. Mas continua, acima de tudo, querido, gentil, hospitaleiro, verdadeiramente hospitaleiro. Por onde passei, me pediram para tirar fotos. Fotos comigo. Fotos com eles. Fotos com todos. E ao final, sempre com aquele sorriso meio ingênuo, meio atrapalhado. Mas sorriso. Sempre. E quando perguntam, em inglês, com forte sotaque, de qual país venho e ouvem que é do Brasil, a festa se completa. Futebol, Ronaldinho, exclamam. São ou não são uns queridos? É um privilégio conhecer a Índia uma vez. Imagina duas, três, mais.


Fotos: Paulo Panayotis / Adriana Reis - © O Que Vi Pelo Mundo



Paulo Panayotis é jornalista especialista em turismo, mergulhador e fundador do Portal OQVPM - O Que Vi Pelo Mundo. Mora na Europa, tem passaporte carimbado em mais de 50 países e viaja com patrocínio e apoio Avis, Travel Ace e Alitalia.

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