Redenção: um programa que está dando certo
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Redenção: um programa que está dando certo

Por Coronel Camilo


Sala São Paulo, uma bela sala de espetáculos. Porém, quando passamos em algumas ruas do seu entorno, nos deparamos com uma triste cena: pessoas debilitadas, morando na rua, fazendo uso de entorpecentes e andando de um lado para outro como mortos-vivos, precisando da nossa ajuda. Muitos têm famílias que os abandonaram por causa de seu envolvimento com o consumo de drogas.


Fruto da degradação urbana, a cracolândia, como é chamada, surgiu há mais de 30 anos. A desativação do Terminal Rodoviário da Luz, levou à falência muitos hotéis, lanchonetes, pensões e bares na redondeza. Local antes de glamour e point da cidade, ficou abandonado e passou a ser utilizado por moradores de rua que faziam uso excessivo de álcool. Passar para a maconha, nos anos 80, foi o primeiro passo. Mais tarde, chegou o crack, droga poderosa que debilitava rapidamente as pessoas, fazendo com que perdessem totalmente os valores. Daí veio o nome cracolândia.


Muitos países, dentre eles os Estados Unidos, Canadá, e alguns países da Europa, também têm a sua cracolândia, aliás em alguns, muitas delas. São ruas onde as pessoas permanecem, numa outra realidade, fazendo uso de álcool, fumo, drogas variadas, crack, vivendo num ambiente de promiscuidade, às custas do poder público e de doações bem intencionadas. Essas pessoas precisam da nossa ajuda.


Em São Paulo a ajuda está a caminho num trabalho dedicado e de fôlego, executado há algum tempo, de forma integrada entre o estado e o município, que tem apresentado bons resultados: é o Projeto Redenção. Coordenado pela prefeitura, integra as áreas de Assistência Social, de Saúde, de Segurança Urbana, as Polícias Militar, Civil e também a Guarda Civil Metropolitana. Todos unidos num grande trabalho para resgatar essas pessoas e tornar aquele lugar, novamente, num ambiente sadio para os moradores e frequentadores da região.


Desde 2004, vários programas foram tentados para enfrentar esse grave problema. Podemos destacar a ação Gente na Rua, o Projeto Nova Luz e o Programa de Braços Abertos. Até que em 2017, baseado numa intensa pesquisa e na experiência passada, criou-se o sólido Programa Redenção com cinco eixos básicos: Saúde; Assistência Social e Cidadania; Urbanismo e Zeladoria; Segurança Pública; e, Educacional.


O grande avanço, contudo, aconteceu em 2019: o Programa Redenção Fase 2 agregando o Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica - SIAT, com três fases: SIAT-I (abordagem), SIAT-II (tratamento) e SIAT-III (capacitação profissional e trabalho). Na fase três, depois de tratadas, as pessoas são encaminhadas para o trabalho. Reputo ser esta última fase uma das mais importantes, pois pela primeira vez se dá um encaminhamento para as pessoas, fazendo com que elas consigam sair daquele ambiente e ter uma continuidade na sua vida, trazendo dignidade e possibilitando a sua recuperação. Caminha-se, então, para uma real porta de saída para o usuário.


Conheço bem esse problema, trabalhei e comandei a região centro de São Paulo. Posso afiançar que não existe solução mágica, mas é possível enfrentar o problema com integração de todos, vontade e perseverança nas ações. O Programa Redenção Fase 2 tem conseguido fazer isso e reduzir o número de pessoas naquela situação. Quem com quiser conhecer mais sobre o programa pode acessar o site da Prefeitura de São Paulo e procurar pelo programa Redenção.


Coronel Camilo é secretário-executivo da Polícia Militar. É formado em Administração de empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.

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