Premiada peça Foxfinder – A Caça retrata o avanço do medo e do fascismo
top of page
Buscar

Premiada peça Foxfinder – A Caça retrata o avanço do medo e do fascismo

Com direção de Wallyson Mota, tradução de Carolina Fabri e projeções em vídeo do coletivo BijaRi, o espetáculo está em cartaz no Teatro Sérgio Cardoso

Imagem: Halei Rembrandt

Em um diálogo com a ascensão do fascismo e do conservadorismo em todo mundo, o premiado texto Foxfinder – A Caça, da autora inglesa Dawn King, ganha sua primeira montagem brasileira, dirigida por Wallyson Mota e traduzida pela atriz Carolina Fabri. O espetáculo fica em cartaz até 14 de junho, no Teatro Sérgio Cardoso, com apresentações às segundas e terças, às 19h.


Encenado pela primeira vez em 2011, o texto “Foxfinder” foi responsável por revelar o trabalho de Dawn King para o teatro britânico e venceu a competição da Companhia de Teatro Papatango para novas dramaturgias (2011); o prêmio de dramaturgia da Royal National Theatre Foundation (2013); o prêmio de melhor autora no Off West End (2012). Graças a seu sucesso de crítica, a peça também já foi montada na Austrália, na Suécia e nos Estados Unidos.


A obra é uma parábola distópica sobre o lugar do medo na dominação de um povo e os caminhos para instalação do fascismo em uma sociedade em decadência. A trama se passa em uma fazenda inglesa ameaçada pela crise da produção de alimentos que recebe a visita do inspetor William Bloor, um agente do Estado responsável por fiscalizar as propriedades agrícolas.


O casal Samuel e Jude Covey está preocupado com a morte recente de seu filho e com a falta de colheitas em sua propriedade. E o oficial está à procura de raposas, que seriam, para o Estado, responsáveis por ameaçar a civilização, contaminar as plantações, prejudicar a produção de alimentos, influenciar o clima, abalar a mente das pessoas e matar crianças – mesmo não tendo sido vistas nos campos há anos.


O clima de crise e a pressão irracional do inspetor para encontrar o animal na propriedade faz com que o casal de agricultores e seus vizinhos se traiam mutuamente, regidos pelo medo e desespero.


A raposa simboliza a busca irracional de bodes expiatórios para explicar os males que assombram um país – tal como o fantasma comunista em nossa sociedade e o medo desmedido que as pessoas têm de perderem seus bens ou terem que dividir suas casas com outras famílias, caso um político de esquerda chegue ao poder. O espetáculo é um ataque a essas certezas fundamentalistas que envenenam as sociedades, incentivam a violência e passam por cima dos princípios de tolerância/respeito ao pensamento divergente e aos outros modos de ser e existir.


Além de Fabri, o elenco conta com a participação de Carol Vidotti, Eduardo Mossri e Ernani Sanchez. A montagem ainda tem videografismo e cenografia do conhecido coletivo BijaRi, figurinos de Marichilene Artisevskis, iluminação de Matheus Brant e sonorização de Pedro Semeghini.


“Quando tomamos contato com a obra, levamos um choque. Era (e ainda é) impressionante para nós que aquele espetáculo realizado num outro país, numa região de grandes produções inglesas, estivesse falando diretamente das questões essenciais vividas no Brasil de agora. O avanço da extrema-direita deflagrado recentemente por aqui obedece exatamente à mesma narrativa: a de um grande inimigo da nação, responsável por todos os nossos males, que tem de ser eliminado, e para tal o Estado deve se apoiar numa mistura muito peculiar de fundamentalismo religioso e desenvolvimento bélico”, compara o diretor Wallyson Mota.


Foxfinder - A Caça, de Dawn King

Até 14 de junho. Segundas e terças-feiras, 19h*

* Haverá sessão com tradução em libras dias 23, 24, 30 e 31 de maio

Local: Teatro Sérgio Cardoso - Sala Paschoal Carlos Magno

Ingressos: Grátis

Reserva pelo site da Sympla

bottom of page