Pinacoteca de São Paulo exibe “Ayrson Heráclito: Yorùbáiano”
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Pinacoteca de São Paulo exibe “Ayrson Heráclito: Yorùbáiano”

Grande exposição do artista baiano reúne 63 obras, com instalações, fotografias, vídeos, performances e registros, abordando as feridas deixadas pela história colonial

Imagem: Cristian Cravo

A Pinacoteca de São Paulo inaugura no dia 02 de abril de 2022, sábado, às 11 horas, a exposição individual “Ayrson Heráclito: Yorùbáiano”, do artista Ayrson Heráclito. Originalmente concebida para o MAR Museu de Arte do Rio em 2021, a versão paulistana de “Yorùbáiano” ocupa o quarto andar do edifício da Pinacoteca Estação e tem curadoria de Amanda Bonan, Ana Maria Maia e Marcelo Campos. Na ocasião da abertura, o público poderá assistir à performance “Segredos Internos” (1994-2010).


Ayrson Heráclito traz à Pina Estação a força de mitologias africanas que aportaram no Brasil a partir da diáspora, do sequestro e da escravidão de diversos povos africanos, sobretudo a partir do século XIX. Na seleção de obras, o artista baiano articula culturas diversas, abarcando os mitos yorubanos ou nagôs e jejes, a um amálgama cultural único de saberes ancestrais, ensinamentos, lendas, ritos e visões de mundo distintos que fazem parte das matrizes religiosas e culturais do candomblé.


Dividida em três salas, a curadoria de ”Yorùbàiano” articula três materiais orgânicos que, segundo o artista, compõem histórica e simbolicamente o “corpo cultural diaspórico”. O açúcar rememora a ganância da monocultura canavieira escravocrata, evocando ao mesmo tempo a divindade ou orixá Exú, a quem é ritualmente oferecida a cachaça. Ayrson também se vale da polissemia do azeite de dendê, ora simbolizando os fluidos vitais do corpo humano.


Em uma das salas, a instalação “Regresso à pintura baiana” (2002) envolve o tingimento de uma maquete da Igreja do Rosário dos Pretos, bem como uma parede do museu com o dendê, saindo do campo da representação da pintura matérica, característica dos anos 1980, para a instalação, valendo-se do precioso óleo e sua coloração amarelo-terrosa. A videoinstalação “O pintor e a paisagem” (2011), a instalação “Barrueco” (2003), além da série fotográfica “Sangue vegetal” (2005), entre outras instalações e fotografias completam a sala.


A carne curtida no sal ou charque, por sua vez, alude às violências sofridas pelo povo negro escravizado ao mesmo tempo que remete ao orixá Ogum, a quem é oferecido o sal nos rituais do Candomblé. Nesse espaço são exibidas a instalação “Segredos Internos” (1994-2010), documentação da performance “Transmutação da carne” (2000), além do registro da performance ritualística “Sacudimento” (2022), realizada pelo artista ao redor do edifício da Pina Estação, onde funcionou o DOPS (Departamento de Ordem Política e Social), órgão responsável pela detenção de dissidentes políticos nos anos 1960 e 70.


A terceira sala expositiva encerra a visita com a grande instalação fotográfica “Borí” (2008-2011), cuja performance foi adquirida em 2020 pela Pinacoteca por meio de seu programa de Patronos, com doze grandes fotografias do ritual de fazer a cabeça ou “borí”, representando cada um dos 12 orixás do xirê. No dia 11 de agosto, o espaço Octógono, no edifício Pina Luz, será palco do ritual sagrado, com duração de cerca de duas horas, conduzido pelo artista, com a presença de músicos e 12 iniciados da religião africana.


“Ayrson Heráclito: Yorùbáiano”

De 02 de abril a 22 de agosto de 2022

Das 10 às 18 horas, de segunda a sábado

Pinacoteca Estação

Largo General Osório, 66 – Luz – São Paulo – SP

Entrada gratuita


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