Operação Delegada: enfrentando a desordem urbana
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Operação Delegada: enfrentando a desordem urbana

Por Coronel Camilo


A qualidade de vida envolve vários aspectos, mas o principal deles é as pessoas sentirem essa qualidade. Como diz um amigo da Associação da Faria Lima, a qualidade tem que ser percebida, sentida. Aí sim, podemos falar que temos qualidade de vida. E a segurança pública é parte fundamental para que as pessoas tenham e percebam a qualidade de vida. Ninguém vive bem se estiver inseguro, com sentimento de que pode ser vítima de criminosos ou de alguma ocorrência policial a qualquer momento.

Quando nos deparamos com um ambiente escuro, mal iluminado, com lixo pelas ruas, camelôs irregulares, pichações em paredes e construções, muros quebrados, matos altos, praças com equipamentos destruídos, temos uma grande sensação de insegurança. Por isso a importância do Estado e da Prefeitura trabalharem fortemente no enfrentamento da desordem urbana, deixando o ambiente sadio para que possamos nos sentir mais seguros, ter uma boa percepção de segurança e, consequentemente, melhor qualidade de vida.

Um ambiente sadio é fundamental para a segurança pública, pois não deixa espaço para o criminoso agir. A teoria das janelas quebradas (George Kelling, 1982) nos mostra que um ambiente degradado leva a mais degradação e atrai o crime. Assim, devemos sempre manter nossa casa, nosso quintal, nossa calçada, nossa rua em ordem e evitamos muitos delitos. Vale a pena conhecer e implantar o Programa Vizinhança Solidária (PVS), que trabalha justamente nessa linha.

Da mesma forma, uma cidade limpa, bem cuidada, onde não haja desordem urbana é um espaço mais seguro e isso evita que o crime aconteça. É o que chamamos de prevenção primária. Sob esta perspectiva, ganha importância na segurança pública o papel do município, pois cabe a ele a maioria das ações para a prevenção primária: zeladoria, iluminação, coleta do lixo, controle do uso do espaço público, controle do comércio irregular, entre outras.

Para auxiliar os prefeitos e colaborar no enfrentamento da desordem urbana, criei, em conjunto com o então prefeito Gilberto Kassab, uma bem sucedida iniciativa em 2009: a “Atividade Delegada”. Comumente chamada de “Operação Delegada”, pois é uma verdadeira operação contra a desordem, consiste numa parceria entre o Estado, por meio da Polícia Militar e a Prefeitura, para a utilização de policiais militares na sua folga, por adesão, no desenvolvimento de atividade do município e por este remunerados.

O sucesso se deu pela construção de uma solução de ganho para todos os envolvidos: ganha o policial que se inscreve, de forma voluntária, pois consegue, de forma protegida, uma complementação para a sua renda; ganha a prefeitura, pois resolve uma questão municipal, por exemplo a fiscalização de camelôs irregulares; ganha o Estado, pois como os policiais trabalham fardados, aumenta o policiamento e a ostensividade da polícia; e ganha, principalmente, o cidadão que pode ir aos locais de compras com segurança.

A união de esforços entre o Estado e Município em trabalho conjunto, integrado, coordenado, com o objetivo de melhorar a vida das pessoas, sempre dão bons resultados. Assim é também na segurança, com a Operação Delegada, que agrega valor à vida do cidadão das cidades onde está implantada.



Coronel Camilo foi Comandante-Geral da Polícia Militar. É formado em Administração de empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.

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