Por Heródoto Barbeiro
Pelo menos é o que dizem as manchetes dos principais jornais que circulam na capital da república. Há um racha entre o ministro da fazenda e o presidente da república considerado vital para a manutenção da política econômica do governo, diz a mídia. O ministro tem se mostrado inflexível em suas propostas e argumenta que é preciso arrumar a casa, doa a quem doer. E dói no bolso dos exportadores do agronegócio que tem como mira os mercados internacionais e para isso precisam de uma moeda nacional desvalorizada em relação às moedas dos países compradores dos produtos agrícolas brasileiros. Com o câmbio mais forte o produto brasileiro fica mais barato no exterior e os produtos industrializados importados mais caros. Com isso cai o consumo e, segundo o ministro, vai ocorrer uma recuperação da balança comercial e de pagamentos do Brasil e assim reconquistar a confiança dos banqueiros internacionais que refugam em conceder novos empréstimos em moeda forte para o país. Ele é partidário de uma ampla reforma econômica e encontra forte barreira nos banqueiros e na maior parte da elite nacional. A população assiste abobada ao debate em torno da política econômica.
O ministro não esconde suas críticas aos governos anteriores. Eles são responsáveis pela crise econômica e financeira vivida pelo Brasil. A oposição o acusa de ser um liberal desenfreado e totalmente contrário a intervenção do Estado na economia. O ministro é favorável ao liberalismo econômico e defende que só os mais capazes devem sobreviver economicamente. Não esconde quais são os seus gurus na teoria econômica, ainda que o debate se reduza à inflação, falta de dinheiro, queda das exportações e encarecimento dos produtos importados. A elite econômica se recusa a viver sem os objetos de luxo importados, como porcelanas, roupas de grife, vinhos premiados e outras delicadezas que não chegam na mesa da população. Ele diverge totalmente do ministro antecessor que elegeu os campeões nacionais e que receberam autorização para desenvolver artificialmente empresas que só existem no papel. Boa parte quebrou e muita gente perdeu tudo o que tinha. É favorável a divisão internacional do trabalho e que cabe ao Brasil se projetar na área agrícola. Por isso é rotulado de anti industrialista.
Heródoto Barbeiro é jornalista do R7, Record News e da Nova Brasil FM. Também é professor, Mestre em História pela USP e advogado pela FMU. Já passou pela TV Cultura, pela CBN e pela Globo. Você pode ver mais em www.herodoto.com.br
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