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O Ibrahim Sued disse que eu era o filho de um burro casado com uma elefanta

Por Fernando Jorge


Foto: minervastock

Na década de 1970 a Folha de S.Paulo, por intermédio de Cláudio Abramo, secretário desse jornal, contratou-me para eu fazer comentários e críticas sobre programas de televisão.


Ganhei quase uma página inteira na Folha da Tarde, outra edição do jornal, e nessa página dava as minhas opiniões. Os meus textos tinham este título: Falando mal da TV.


Ibrahim Sued, colunista social do jornal O Globo, aparecia num programa de televisão de grande sucesso, no qual transmitia notícias dos fatos da chamada “alta sociedade”. Aparecia gritando assim:

– Bomba! Bomba!


Ele lançou o seu livro Vinte anos de caviar, com textos sobre a alta sociedade carioca.


Critiquei o livro, ou melhor, eu o arrasei. Era, na minha opinião, uma obra fútil, sem nenhum valor.


Após a minha esculhambação, eu me achava, certa noite, na redação da Folha de S.Paulo quando o telefone da mesa do Cláudio tocou. Ele atendeu e rindo me disse:

– O Ibrahim Sued está no telefone e quer falar com você.


Peguei o fone e o Ibrahim perguntou:

– Você é o buzanta Fernando Jorge? É um buzanta porque é filho de um burro casado com uma elefanta.


Respondi, rindo:

– Ibrahim, não sou seu irmão.


Nem que eu viva mil anos vou me esquecer dos gritos do Ibrahim pelo telefone:

– Buzanta! Buzanta! Buzanta!


E sempre berrando assim desligou o telefone.




Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.


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