Não namore alguém cujo coração só bate assim: dinheiro, dinheiro, dinheiro...
top of page
Buscar

Não namore alguém cujo coração só bate assim: dinheiro, dinheiro, dinheiro...

Por Fernando Jorge


Continuo a receber e-mails, cartas e telefonemas das leitoras do meu último livro. Eis um texto de uma dessas cartas:


“Escritor Fernando Jorge, ao concluir a leitura do seu romance autobiográfico Eu amo os dois, lançado pela editora Novo Século, vi que o senhor, na pele do personagem Rodrigo, teve força, apesar de estar apaixonado por uma jovem de grande beleza, de largá-la, pois, ela também namorava um primo de primeiro grau”.


A minha leitora acrescenta que se apaixonou por um rapaz falso, hipócrita, fingido. Ele a seduziu pensando que ela pertencesse a uma família muito rica. Agora a minha leitora do romance veio saber do seguinte: o rapaz encontrou uma feia moça bem rica e conquistou-a, não quer mais saber da minha leitora, que me pergunta:


“Como vou me libertar desse amor forte por ele, como? Ajude-me, preciso de socorro!”


Prezada leitora, vou lhe dar quatro conselhos e não sei se o meu amigo Ronaldo Côrtes os aprovaria.


Primeiro conselho. Se você já sabe como o rapaz é, sem alimentar nenhuma dúvida, largue-o imediatamente.

Segundo conselho. Depois de romper com ele, de modo definitivo, vai chorar, sofrer bastante, porém enfie isto na sua cabeça: quem crê em alguém, está entregue de modo completo a uma pessoa. Todavia, quem já não crê nessa pessoa, já começou a afastar-se dela. Crer é se entregar inteiramente. Não crer é libertação, afastamento.


Terceiro conselho. Não recue, não se desespere. Lembre-se, as dificuldades nasceram para serem vencidas e não para nos vencerem, e como diz o provérbio japonês, “perseverar é cair sete vezes e levantar-se oito”.


Quanto conselho. Citarei mais um provérbio. “Ferida de cão se cura com o pelo do próprio cão”. Arranque, de forma imaginativa, o pelo coberto de sangue e o coloque num quadro, como se fosse troféu, e arrume depressa um namorado digno, sincero, honesto, de bons sentimentos, cujo coração é incapaz de só bater assim: dinheiro, dinheiro, dinheiro, dinheiro...



Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.

bottom of page