Mármore, religião e badalação: ilha de Paros
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Mármore, religião e badalação: ilha de Paros

Por Paulo Panayotis


Ilha de Paros, Cíclades, Grécia - Desembarco em Paros com uma curiosidade imensa. Estive aqui há cerca de sete anos a trabalho. Desta vez, piso nas ruas de puro mármore totalmente de férias, quer dizer, quase totalmente. Mesmo descansando não posso deixar de gravar cada detalhe na minha retina. O mar de um azul cristalino e uma transparência incrível explode em contraste com as bouganviles, conhecidas no Brasil como primaveras. De cara sinto algo diferente no astral da ilha. De poderosa produtora de mármore, em um passado não tão distante, Paros passou a ser uma das mais procuradas ilhas por europeus e turistas de todo o mundo. Pena que ainda não esteja no roteiro dos brasileiros. Bonita, charmosa, descolada e enorme - é uma das maiores ilhas do mar Egeu. Você pode chegar aqui de avião ou de ferry boat. Eu sugiro a viagem de ferries, que dura cerca de quatro horas a partir do porto de Pireus, em Atenas.

Moinho típico de Paros visto a partir do desembarque

A apenas algumas centenas de metros do porto, sigo direto para a "Igreja das 100 portas", a Panayia Ekatontapyliani. Vale a pena conhecer esta obra de arte bizantina antes de se entregar aos prazeres mundanos desta ilha que é adorada especialmente pelos franceses. Do mesmo arquiteto que projetou a Igreja de Santa Sofia, em Istambul, na Turquia, ela atrai não somente turistas como peregrinos.

Igreja das cem portas: joia bizantina de Paros.

Ao contrário da última vez que estive por aqui, durante a Pandemia, revejo hoje uma ilha repleta de turistas espalhados por todos os cantos que não tem do que reclamar. Europeus por toda parte e franceses em todas as partes. Os preços, obviamente, triplicaram após a pandemia. Todos tentam recuperar os milhares e milhares de euros perdidos durante o duro tempo em que o vírus do Covid-19 arrasava economias mundo afora. Não foi diferente na Grécia que tem no turismo grande parte do seu PIB (Produto Interno Bruto).

Uma das centenas de restaurantes a beira mar.

Incrustado na ponta da praia central da cidade, do outro lado do porto onde chegam os ferries, Kula Ipadidi nos recebe com um sorriso largo típico dos ilhéus. Os gregos conseguem sorrir com os olhos, quando querem. O restaurante Bountaraki, ou, "vento fresco", em livre tradução, é recente, mas já cravou raízes na ilha. “Trabalhávamos em Manchester, na Inglaterra, quando soubemos que estavam passando o ponto, vendendo o local", me conta ela enquanto espero um dos melhores polvos que já comi. “Aí, eu e meu marido, o chef Akis Karaioanoglu, sentimos que o sangue grego pulsou mais forte em nossas veias e resolvemos voltar. “Agora, pós pandemia, rezo a Deus que nos dê saúde que o restante nós resolvemos.

Polvo com redução de suco de laranja, alcaparras e erva doce.

Nascida na ilha de Santorini, outro ícone grego, pergunto para Kula se não nos indicaria um bom restaurante na pequena ilha de Antiparos, para onde planejava ir no dia seguinte. Ouvi falar do restaurante Samano, de um chef muito famoso na Grécia. Dizem que ele prepara o polvo de forma sublime, conclui ela.

Sugiro alugar um carro sempre que visitar qualquer ilha grega. Há transporte público que funciona, mas é irregular e demorado. Se você tem um extra para gastar na Grécia, esta é a hora e o lugar. Afinal, um carro proporciona maior conforto e liberdade. É a alternativa para conhecer mais e melhor os recantos de qualquer ilha. Assim é possível ir a praias desertas, além de pequenos cantos e recantos das ilhas que somente com condução própria você conseguirá chegar. Foi assim que fui parar na ilha irmã caçula de Paros, Antiparos, a apenas cinco minutos de ferry boat. Polvos e peixes secando ao sol me recebem nesta que pretende ser a nova ilha do momento em toda a Grécia. Se em Paros há praticamente uma invasão dos franceses, Antiparos é local de descolados e endinheirados, como Tom Hanks que, para quem não sabe é casado com uma filha de gregos e tem uma belíssima casa por lá. Ficou curioso? Bom eu conto como foi nossa incrível experiência nesta ilhota charmosíssima e cheia de histórias na reportagem da semana que vem. Uma coisa já adianto. No restaurante do chef estrelado, o tal do Samanos, consegui reservar uma mesa e vocês não acreditam o que aconteceu! Enfim, por enquanto fiquem com curiosidade e a beleza destas ilhas que literalmente são dos deuses… e também dos mortais. Giá hará! Ou, como sempre se despedem os gregos, que significa: que você seja alegre!

Jornalista Paulo Panayotis em Paros

Fotos: Paulo Panayotis




Paulo Panayotis é jornalista profissional, ex-correspondente internacional de Tv, escritor e viaja com patrocínio e apoio Avis e Universal Assistance.


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