Com atividades online desde o início da pandemia, museus do mundo todo encontram diferentes formas de divulgar seus acervos e se aproximar do público
“Os museus têm sido lugares de muitos desafios, não só nesses últimos tempos”. A fala da coordenadora do setor educativo do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider (MAVRS), professora Me. Luciane Campana Tomasini, reflete um cenário que é mundial. No contexto da pandemia de Covid-19, as dificuldades que instituições museológicas de diferentes partes do mundo já vinham sofrendo há tempos, foram intensificadas, especialmente pela falta de algo fundamental para esses espaços: o público. A alternativa foi se adaptar e usar a internet e, especialmente, as redes sociais para divulgar seus ricos e incalculáveis acervos e se aproximar das pessoas, gerando visibilidade e interesse para quando as portas voltarem a se abrir.
Para marcar o Dia Internacional dos Museus, celebrado no dia 18 de maio, a professora, que também é coordenadora do curso de Artes Visuais Bacharelado da Universidade de Passo Fundo (UPF) fala sobre como os museus da cidade têm se adaptado a essa nova realidade e sobre o papel da arte nesse momento.
- Museus do mundo todo foram obrigados a fechar as portas em função da pandemia. De que forma isso afeta essas instituições?
Luciane Campana - Os museus têm sido lugares de muitos desafios, não só nesses últimos tempos. A cultura em geral tem sido alvejada de muitas formas, e o advento da pandemia certamente é mais um desafio, que nos obrigou a nos reorganizar nos modos como disponibilizávamos a cultura ao público. Com a ausência de visitas nos espaços físicos do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider, a alternativa encontrada tem sido trabalhar com as inúmeras possibilidades de inserção nas redes sociais. O que parece abrir um novo e importante campo de abrangência de visibilidade de museus, que geograficamente estão longe dos grandes centros urbanos.
- Muitos museus disponibilizaram seus acervos online. O que isso representa? Você acredita que esta é uma boa forma de mantê-los vivos?
LC- As possibilidades de ampliar a divulgação de obras de acervos sempre são uma estratégia que anima os museus. Há tanta riqueza guardada dentro dos acervos de museus, que essa parece ser uma alternativa bastante animadora em trazer a luz artistas e obras de complexidade expositiva, de valor inestimável, ou de narrativas que pouco são exploradas por curadores e conservadores. Reapresentar uma obra é sempre um evento animador. Acredito que todos os museus têm vivido essa experiência de revisão de acervos, de obras e documentos, para a divulgação das suas narrativas. Estar vivo nesse momento é estar sendo visto, e as redes têm contribuído de forma significativa, nesse sentido.
- Como o MAVRS e o MHR estão se adaptando a essa nova realidade? Existem ações planejadas de forma on-line?
LC- Muitas das ações estão sendo planejadas pela equipe do Museu de Artes Visuais Ruth Schneider via vídeo conferência, onde todos podem participar de forma simultânea, seguindo as habituais reuniões que eram feitas presencialmente às segundas-feiras. Estamos fazendo lives, trazendo convidados, artistas, estagiários, ex-estagiários, para falar sobre suas vivências, assim como gestores para discutir este momento singular, e também gerando pesquisa para criar conteúdo para publicações sobre obras do acervo, artistas e curiosidades do universo da arte. Nessa semana que antecede a Semana Nacional dos Museus, e também o aniversário de 23 anos do MAVRS, que também é comemorado no dia 18 de maio, a programação vai se intensificar. Serão desenvolvidas atividades educativas online, seguimos com as lives e outras programações que estão em construção.
Muzar apresenta exposição virtual
Quem também está utilizando o mundo virtual para levar conhecimento é o Museu Zoobotânico Augusto Ruschi do Instituto de Ciências Biológicas (Muzar/ICB) da UPF. A partir deste mês de maio, o museu apresenta a exposição “Toxinas da Natureza” de forma on-line, contribuindo com as escolas para atividades remotas e comemorando os 45 anos de sua existência.
A exposição “Toxinas da Natureza” tem como objetivo esclarecer sobre a toxicidade das plantas e o veneno dos animais, os sintomas quando ocorrem acidentes com as pessoas e animais domésticos, bem como as funções desses animais na natureza. A exposição enfoca conteúdos sobre animais e plantas que possuem toxinas, conhecidas como venenos, que podem, em acidentes, prejudicar as pessoas. A exposição instiga a busca de conhecimento sobre animais peçonhentos ou venenosos e plantas tóxicas.
A dinâmica da exposição acontecerá da seguinte forma: perguntas serão lançadas nas redes sociais facebook.com/muzaricbupf e instagram.com/muzaricbupf durante a semana e as repostas serão disponibilizas no site www.upf.br/muzarnas sextas-feiras.
Museus on-line
Assim como o MAVRS e o Muzar, diversos museus, nacionais e internacionais, têm disponibilizado seus acervos de forma on-line para o público. Conheça alguns deles e faça uma visita:
- Museu da Memória Republicana - http://www.eravirtual.org/
- Museu de Arte de São Paulo - https://masp.org.br/
- Inhotim - https://www.inhotim.org.br/mobile/
- Instituto Brasileiro de Museus - https://www.museus.gov.br/
- Metropolitan Museu de Arte de Nova York - https://www.metmuseum.org/art/collection
- Museu do Louvre - https://www.louvre.fr/en
- Museu Reina Sofia - https://www.museoreinasofia.es/en/collection/artwork/guernica
- Museu de Arte Latino-Americano de Buenos Aires - https://malba.org.ar/
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