Museu A CASA do Objeto Brasileiro celebra o Dia da Amazônia
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Museu A CASA do Objeto Brasileiro celebra o Dia da Amazônia


Em celebração ao Dia da Amazônia, 05 de setembro, o Museu A CASA do Objeto Brasileiro convida para a exibição do premiado filme “Segredos do Putumayo”, seguida de conversa com o diretor Aurélio Michiles, Patrick Leblanc, produtor, e André Lorenz Michiles, diretor de fotografia vencedor do Prêmio ABC 2023 - Melhor Fotografia


Segredos do Putumayo


Documentário de Aurélio Michiles, baseado no “Diário da Amazônia de Roger Casement” (1910) que revela o dia a dia na região do rio Putumayo, aonde a empresa Peru Amazon Company sob regime de escravidão matou mais 30 mil índios para coletar 4 mil toneladas de borracha.


O documentário faz um recorte do período em que Roger Casement, então Cônsul Geral da Grã-Bretanha no Brasil (1906-1913) é solicitado a liderar uma missão no Putumayo (Colômbia), fronteira do Brasil e Peru com o objetivo de investigar o uso de populações indígenas no trabalho escravo na extração da borracha.


Com participação do historiador Angus Mitchell, do escritor Milton Hatoum e de importantes moradores dos quatro povos (Uitoto, Bora, Okaina e Muinames) que habitam La Chorrera (Colômbia) que dão o seu testemunho sobre os fatos acontecidos em seu território.


Pode- se dizer que a Amazônia é um dos assuntos recorrentes no cinema, na literatura e no jornalismo mundial, ganhando ainda mais relevância frente à emergência da agenda do clima. Todavia, a filmografia brasileira não contava com um filme que trouxesse para o público as questões pertinentes ao “boom da borracha” dentro da geopolítica do comércio mundial.


O boom da borracha na Amazônia foi como um sopro de vida para diversas economias da América do Sul entre 1870 e 1914. Os pequenos enclaves cingidos pela selva de Manaus e de Iquitos foram transformados em novos postos da economia atlântica que, por algumas breves décadas, estiveram diretamente conectados por linhas de navegação aos centros comerciais de Liverpool, Hamburgo, Antuérpia e Nova York.


Há mais de um século, Roger Casement escreveu o “Diário da Amazônia” (The Amazon Journal of Roger Casement) para documentar o horror que estava se passando na Amazônia. Mesmo assim, os fatos daquele episódio acontecido numa das empresas que exploravam o látex, continua como um fantasma que instiga a pensarmos sobre o destino da região amazônica, por causa dos direitos indígenas e do combate à exploração desenfreada do meio ambiente e, por isso mesmo ameaçam a sua existência.


Segundo o diretor Aurélio Michiles, ao realizar o documentário “A Árvore da Fortuna” (1992), sobre a saga da borracha na Amazônia e “O Cineasta da Selva” (1997), me deparei pela primeira vez com um intrigante personagem: Roger Casement, um irlandês na Amazônia.


Finalmente, foi por causa destes dois documentários que o historiador britânico Angus Mitchell, na época morando no Brasil, presenteou-me com o diário “The Amazon Journal of Roger Casement” e que havia sido editado por ele.


Depois deste encontro, Roger Casement deixou de ser para mim, apenas um irlandês, mas um cidadão do mundo. Um humanista e revolucionário que entregou o corpo e a alma pela autodeterminação do seu país, mas também por defender e denunciar o perverso sistema de trabalho ao qual eram submetidos os povos da África e da América do Sul, na coleta da borracha. Desde então, sobretudo nos últimos 5 anos, venho desenvolvendo em colaboração com o historiador Angus Mitchell, a realização desse documentário.


Prêmios: Melhor Filme - Prêmio APCA 2023 | Melhor Filme - 49o. Festival SESC Melhores Filmes 2022 | Melhor Fotografia - Prêmio ABC 2023 | Melhor Filme - Festival Pan-Amazônico de Cinema, Belém, Pará, 2022 | Melhor Filme - Festival de Cinema Nice, França, 2023 | Menção Honrosa - 25o. Festival Internacional de Documentários - É Tudo Verdade.


Locações: La Chorrera e arredores de Letícia (Colômbia), Tabatinga e Manaus (Amazonas-Brasil). Filmado entre os índios Uitotos, Boras, Ocainas e Muinames.



Durante a sua estada na Amazônia, Roger Casement, um diplomata a serviço do Império Britânico passa por uma transformação radical ao identificar que as injustiças vividas pelos povos indígenas eram as mesmas ou ao menos semelhantes às sofridas pelos irlandeses subjugados pelo império britânico. Ao retornar à Londres, entrega o seu relatório sobre o Putumayo e se engaja na luta armada pela emancipação da Irlanda durante a “Revolta da Páscoa” (1916), é preso e condenado à morte por traição. Para os britânicos Roger Casement é um traidor, mas para os irlandeses ele é um dos heróis da república.


Os seus relatos sobre os maus tratos aos congoleses ainda no século XIX, foi fundamental para o escritor Joseph Conrad descrever a paisagem agônica em sua novela ”Coração das Trevas”; no romance de ficção científica “O Mundo Perdido” de Arthur Conan Doyle (que vai repercutir em filmes como “Indiana Jones”, “Jurassic Park”); no “Ulysses” de James Joyce; no romance “O Sonho Celta” de Mario Vargas Llosa ou no poema “The Ghost of Roger Casement” de W.B Yeats, enfim são muitas referências que só fortalecem aquela premissa de que Casement, é um herói não somente de uma nação ou de um povo, ele disseminou sentimentos de justiça pelos Direitos Humanos e isto o faz um cidadão de todo mundo, ou ao menos da África, América do Sul e Europa (Irlanda).


“Segredos do Putumayo” será uma oportunidade para um público mais amplo tomar conhecimento deste relevante personagem e deste episódio acontecido na Amazônia brasileira, colombiana e peruana.


FICHA TÉCNICA

Direção: Aurélio Michiles

Roteiro: Aurélio Michiles, Danilo Gullane e André Finotti

Direção de Fotografia: André Lorenz Michiles

Edição: André Finotti

Música Original: Alvise Migotto

Roger Casement/ator: Dori Carvalho

Produção: Patrick Leblanc

Voz Roger Casement: Stephen Rea (Participação Especial)



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