Mudança no calendário e os primeiros passos de Ancelotti na Seleção
- Roberto Maia
- há 6 dias
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Por Roberto Maia
O futebol brasileiro vive um momento de transformações importantes, e duas decisões recentes chamaram minha atenção pela forma como impactam diretamente o cenário nacional: as mudanças no calendário da CBF e a primeira convocação de Carlo Ancelotti para a Seleção Brasileira.

A alteração no calendário promovida pela CBF revela uma postura pragmática que, sinceramente, me surpreendeu positivamente. Antecipar o término do Brasileirão de 21 de dezembro para 7 de dezembro pode parecer uma simples reorganização de datas, mas na verdade demonstra um planejamento estratégico pensando na Copa Intercontinental da FIFA.
Essa mudança beneficia diretamente Flamengo, Palmeiras e São Paulo – os únicos brasileiros ainda vivos na Libertadores. Com o Brasileirão encerrando antes, qualquer um desses clubes que conquiste o título continental poderá se dedicar exclusivamente à competição mundial, marcada para 10 de dezembro. É uma decisão que coloca os interesses do futebol brasileiro em perspectiva internacional, algo que historicamente nem sempre vimos da entidade.
O adiamento da final da Copa do Brasil para 21 de dezembro também faz sentido dentro dessa lógica, especialmente considerando que os três clubes mencionados já foram eliminados do torneio mata-mata. A CBF conseguiu, assim, acomodar seus principais torneios sem prejudicar nenhum dos possíveis representantes brasileiros no cenário mundial.

Começa a era Ancelotti na Seleção
A primeira convocação de Carlo Ancelotti para a Seleção trouxe algumas surpresas que merecem análise. A ausência de Vini Jr. (suspenso) e Rodrygo, estrelas do Real Madrid, inicialmente pode soar estranha, mas revela a filosofia do técnico italiano: priorizar o aspecto físico e dar oportunidades para outros jogadores se mostrarem.
A justificativa de Ancelotti de que os jogadores devem estar "100% fisicamente" para vestir a amarelinha estabelece um novo padrão de exigência. Isso pode ser interpretado como um recado claro: não haverá privilégios por status ou nome, apenas por condições de jogo. É uma abordagem interessante, especialmente a menos de um ano da Copa do Mundo de 2026.
A ausência de Neymar também chama atenção, embora seja compreensível considerando seu retorno recente ao Santos e a necessidade de readaptação ao futebol brasileiro. O técnico parece estar construindo um grupo baseado em critérios técnicos e físicos, não em reputação.
A convocação de nomes como Estevão, do Chelsea, e Kaio Jorge, do Cruzeiro, sinaliza que Ancelotti está de olho no futuro da Seleção. São apostas jovens que podem se consolidar até 2026, criando uma base sólida para a competição mundial.
A presença de Hugo Souza entre os goleiros e de jogadores como Andrey Santos no meio-campo também demonstra a disposição do treinador em testar alternativas, aproveitando estes jogos das Eliminatórias – onde o Brasil já está classificado – para experimentações táticas importantes.
Tanto a reorganização do calendário quanto esta primeira convocação de Ancelotti mostram um futebol brasileiro mais estratégico e menos impulsivo. São decisões que pensam no médio prazo e consideram o contexto internacional, algo fundamental para competirmos no mais alto nível.
Os próximos meses serão cruciais para avaliarmos se essa nova abordagem – tanto administrativa quanto técnica – trará os frutos esperados para nosso futebol.

Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Escritor e editor do portal travelpedia.com.br