Por Fernando Jorge
A conversa foi num bar. A mãe disse a filha:
– Minha filha, namore cinco rapazes bem ricos?
– Por que cinco, mamãe?
– Explico, mas repito, tem de ser cinco rapazes bem ricos.
– Cinco não é demais, mamãe?
– Não, não é demais. Namore um na segunda-feira, outro na terça-feira, outro na quarta-feira, outro na quinta-feira, outro na sexta-feira. Cinco, todos ricos. E no sábado e no domingo você in-ves-ti-ga. Ouviu? In-ves-ti-ga.
– Investigo o quê?
– Você in-ves-ti-ga qual dos cinco é mais rico, pra se casar com ele, entendeu?
– Mamãe, como a senhora é sabida, inteligente!
– Sim, filha, sou sabida, inteligente. E você está aqui, na minha frente, porque eu tinha cinco namorados ricos. Namorava um na segunda, outro na terça, outro na quarta, outro na quinta, outro na sexta. E no sábado e no domingo, in-ves-ti-ga-va. Descobri que o seu pai era o mais rico e por isto me casei com ele. Se ele não fosse tão rico, você não estaria aqui, na minha frente, não existiria.
A filha agradeceu:
– Obrigada, mamãe, vou seguir o seu conselho, juro, a senhora é ma-ra-vi-lho-sa.
Quem me contou o que narrei aqui foi o meu amigo Dalmo Florence. Ele estava no bar. Pergunto, no fim da crônica:
– Para onde irá a alma dessa mãe, após a sua morte?
Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
Comments