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Grécia: um dia pelas montanhas sagradas do Peloponeso!

Por Paulo Panayotis

Peloponeso, Grécia. Lentamente, o trem que liga o pequeno vilarejo de Diakoftos à Kalavrita desliza pelas montanhas. Esta é uma Grécia que não conheço. Cheia de frutas, de áreas verdes, de cachoeiras. Ao pé da letra, Peloponiso ou Peloponeso, quer dizer a ilha de Pelops. São cerca de 180 quilômetros de Atenas. Geograficamente, trata-se de uma grande península montanhosa e selvagem localizada ao sul da Grécia e ligada ao continente pelo estreito de Corinto. De fato é uma região pouquíssimo conhecida pelos brasileiros e que merece sua atenção. Estou numa das linhas de trem com a menor bitola da Europa. É uma das mais antigas em operação constante na Grécia - 120 anos - e seguramente a mais interessante.

A linha funciona ininterruptamente há 120 anos e tem a menor bitola do mundo.

Fico imaginando como eles conseguiram cortar imensas montanhas rochosas naquele tempo em meio à chuva, neve e temperaturas negativas. O passeio vale muito a pena e termina na cidadezinha de Kalavrita, uma espécie de Campos do Jordão versão miniatura. “Aqui”, me explica o empresário George Fafoutis, “aconteceram duas das maiores guerras da Grécia contemporânea. Foi um dos primeiros lugares no país onde os gregos se rebelaram contra os turcos e declararam a revolução grega contra o Império Otomano em 1821. No entanto”, explica ele, “o que marcou a história recente deste povoado foi a noite de 13 de dezembro de 1943, quando tropas nazistas executaram a população da cidade, incluindo mulheres e crianças, e logo em seguida incendiaram tudo.”

Monumento erguido para não esquecer o massacre nazista.

Dizem que fatos tão tristes assim nunca são esquecidos. Se aprende simplesmente a conviver com eles. E foi o que fez Kalavrita, que hoje atrai turistas de toda a Europa não só por conta de seus bons produtos naturais e orgânicos, como pela estação de esqui, uma das mais procuradas da Grécia. Não resisti e experimentei o excepcional doce feito à base de pétalas de rosas, muito comum na região. Nozes, castanhas e restaurantes com carnes de caça também fazem sucesso por aqui. Além da maravilhosa dieta mediterrânea, com muitos legumes e verduras frescas, por aqui tudo é orgânico desde sempre!

Doce de pétalas de rosas, orgânico desde sempre.

Outra atração imperdível nesta região é conhecer a caverna dos lagos. Formação rochosa com milhões de anos, é única no mundo a apresentar lagos de coloração azul-esverdeada em três níveis. Muito fácil de percorrer, a caverna tem boa estrutura em meio às estalactites e estalagmites lindíssimas. No total são treze lagos. E, imaginem vocês, nestas grutas foi encontrado o esqueleto fossilizado de um antigo hipopótamo! Reserve ao menos meio dia para fazer este passeio mágico.

Caverna dos lagos, formação rochosa única no mundo.

Ao longo do caminho não deixe de parar em um restaurante que serve uma iguaria típica e difícil de ser encontrada em outras partes da Grécia: trutas! Sim, mas não quaisquer trutas. Criadas em tanques que represam as águas límpidas, geladas e cristalinas dos riachos ao redor, após atingirem o tamanho apropriado, são defumadas com madeira local! Deliciosas, são servidas com molho de azeite, mostarda e temperos das montanhas. Bota orgânico nisso né?

E é em outro vilarejo que descubro uma das mais engenhosas e encantadoras obras do ser humano. Uma pequena igrejinha ortodoxa grega construída dentro de uma árvore! O plátano, espécie típica de regiões de clima temperado, seguramente tem mais de 300 anos. E foi dentro dele que a engenhosidade humana construiu o que, acho eu, seja a única igreja do mundo construída dentro de uma árvore viva.

Paulo Panayotis e o empresário George Fafoutis em frente à igreja da árvore

Milagre? Bom, os moradores daqui e de todo o país têm certeza que sim. Por conta disso, todos os anos, no mês de setembro, peregrinos, curiosos e turistas da Grécia, Albânia, Macedônia e até Hungria passam por aqui para celebrar a Santa milagrosa, que já curou muitas pessoas e trouxe sorte para a região. Duvida? Então vai ter que conhecer para crer.


Jornalista viajou com patrocínio e apoio Avis, A Casa do Chip.


Fotos: Paulo Panayotis & Adriana Reis


Paulo Panayotis é jornalista profissional, ex-correspondente internacional de Tv, escritor e viaja com patrocínio e apoio Avis e Universal Assistance.

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