Futebol sob o risco da manipulação de resultados
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Futebol sob o risco da manipulação de resultados

Por Roberto Maia


O futebol brasileiro está de volta às páginas policiais com o mais recente escândalo de suspeita de manipulação de resultados em jogos das séries A e B do Campeonato Brasileiro de 2022, além de partidas dos campeonatos estaduais de São Paulo e Rio Grande do Sul em 2023.


Com a deflagração da operação “Penalidade Máxima II”, a polícia investiga as possíveis fraudes cometidas. Jogadores denunciados negam envolvimento, mas são afastados por seus clubes. Se a apuração e condenação dos envolvidos não for rigorosa, o esporte favorito dos brasileiros está sob risco.


Não era difícil de imaginar que algo desse tipo já estivesse ocorrendo. Quem acompanha futebol percebeu a proliferação no Brasil de sites de apostas on-line. Eles figuram não apenas em publicidade nas TVs aberta e paga, mas também nos estádios e nas camisas de quase todos os times de futebol que disputam as séries A, B, C e até D. Tudo isso em um país onde “oficialmente” são proibidos os jogos de azar. É muita hipocrisia!

A investigação teve início após denúncia do Ministério Público de Goiás, que foi acatada pela Justiça goiana. O MP-GO apurou indícios de corrupção em ao menos nove jogos, realizados entre novembro de 2022 a fevereiro de 2023.

Bauermann teria participado de armações em dois jogos do Santos, sendo que em um deles levou cartão vermelho por reclamação após o termino da partida. (Foto: Ivan Storti/Santos FC)

Foram denunciados 16 suspeitos de atividade criminosa que envolve apostadores e jogadores de futebol profissional. Segundo o MP-GO, os atletas teriam recebido valores entre R$ 50 mil a R$ 500 mil para provocarem cartões amarelos, vermelhos em determinadas etapas dos jogos, além de cometerem pênaltis entre outros ilícitos premeditados.


Ao contrário de outros tempos, as apostas atualmente não se limitam ao resultado final dos jogos. Volumes maiores de dinheiro são pagos para eventos específicos como os relatados acima.


Um dos suspeitos de envolvimento na manipulação é o zagueiro Eduardo Bauermann do Santos, que já foi afastado pela diretoria do time santista até a conclusão das investigações. Troca de mensagens entre o zagueiro e um apostador foram divulgadas por diversos veículos de imprensa.


Bauermann teria sido cooptado para levar um cartão amarelo no jogo do Santos contra o Avaí pelo Brasileirão de 2022. Ele terminou o jogo sem ser advertido com o cartão e passou a ser cobrado pelo apostador. Segundo a conversa, o atleta santista teria recebido R$ 50 mil para receber a punição pelo árbitro da partida. O apostador perdeu muito dinheiro na aposta e passou a intimidar o jogador para ressarci-lo.


Aos torcedores resta aguardar a conclusão das apurações e as respectivas punições. Afinal a paixão nacional está em jogo. Já ao Governo Federal e ao Congresso Nacional passou da hora de olhar com seriedade para essa situação antes que a contaminação do futebol fique irreversível.


Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.


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