Fome de amor e outras fomes
- Fernando Jorge
- 27 de mai.
- 1 min de leitura
Por Fernando Jorge

Tive na minha juventude uma namorada que sempre pedia:
— Meu bem, me dê um beijinho.
Eu lhe dava o beijinho, mas ela, após recebê-lo, voltava a pedir:
— Meu bem, me dê mais um beijinho.
E eu lhe dava o segundo beijinho, mas ela não se contentava e dizia:
— Meu bem, mais um beijinho.
E lá ia mais um beijinho... A minha namorada tinha fome de amor, era faminta de amor, e eu descobri porque era assim. Os pais, os dois, eram frios. Não lhe davam carinho. Fiquei com muita pena dela.
Existem vários tipos de fome. E vou citá-lo.
A fome de dinheiro. É a do fulano rico que não se contenta com o dinheiro que tem e quer cada vez mais dinheiro.
A fome de alcançar sucesso na política, na arte, como médico, advogado, professor ou professora, fome aliás boa, legítima.
Existe, porém, a fome muito ruim, é a fome de não ser honesto, de não seguir os mandamentos da Lei de Deus.

Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
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