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Fome de amor e outras fomes

Por Fernando Jorge


Foto: Stevanovicigor
Foto: Stevanovicigor

Tive na minha juventude uma namorada que sempre pedia:

— Meu bem, me dê um beijinho.

Eu lhe dava o beijinho, mas ela, após recebê-lo, voltava a pedir:

— Meu bem, me dê mais um beijinho.

E eu lhe dava o segundo beijinho, mas ela não se contentava e dizia:

— Meu bem, mais um beijinho.


E lá ia mais um beijinho... A minha namorada tinha fome de amor, era faminta de amor, e eu descobri porque era assim. Os pais, os dois, eram frios. Não lhe davam carinho. Fiquei com muita pena dela.

Existem vários tipos de fome. E vou citá-lo.


A fome de dinheiro. É a do fulano rico que não se contenta com o dinheiro que tem e quer cada vez mais dinheiro.


A fome de alcançar sucesso na política, na arte, como médico, advogado, professor ou professora, fome aliás boa, legítima.


Existe, porém, a fome muito ruim, é a fome de não ser honesto, de não seguir os mandamentos da Lei de Deus.





Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.


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