Por Roberto Maia
Há algum tempo a FIFA vem estudando mudanças nas regras do futebol com o objetivo de tornar o jogo mais dinâmico. O objetivo é aumentar a intensidade das partidas, fazendo com que haja menos paralizações e mais tempo de bola rolando. Um campeonato de categoria sub-19 disputado na Holanda, a Future Cup, com a participação do PSV, AZ, Leipzig e Brugge está sendo utilizado para os testes.
Entre as prováveis modificações nas regras estão as seguintes:
Substituições ilimitadas. Tal como ocorre no basquete, o treinador poderá substituir quantas vezes achar necessário. E um jogador que deixou o campo poderá retornar depois. Essa mudança na regra viria complementar a que está em vigência atualmente e que veio em função da pandemia, onde cinco substituições podem ser feitas por jogo. Até 2019 eram apenas três.
Cobrança de lateral com os pés. Nesse caso não seria mais necessário passar a bola para um companheiro. O jogador poderá chutar em direção à área adversária ou, simplesmente, parar a bola sobre a linha e sair jogando sozinho, se preferir. A FIFA entende que essa mudança ajudaria a criar mais situações de ataque.
Cinco minutos de suspensão para os jogadores que forem advertidos com cartão amarelo. Após transcorrido o tempo de punição podem voltar ao campo de jogo normalmente.
Dois tempos de 30 minutos, com o relógio parando a cada vez que a bola não estiver em jogo – faltas, laterais, tiro de meta e escanteios. Essa é, sem dúvida, a mais radical das alterações e seria o fim da “cera” dos times que estão ganhando e param o jogo a todo momento.
Após o final da Future Cup, a FIFA vai analisar o resultado e enviar à International Board a solicitação das mudanças. Caso aprovadas, serão implementadas nos principais campeonatos disputados no mundo, inclusive no Brasil.
A FIFA sempre foi bastante conservadora e durante muito tempo relutou em alterar qualquer uma das 17 regras do futebol. Sob o comando do presidente Gianni Infantino, temas antes intocáveis começaram a ser debatidos e ares de renovação tomaram conta da sede da entidade em Zurique, na Suíça. Exemplo disso foi a introdução do árbitro de vídeo, o VAR, que causou polêmica no início e ainda tumultua alguns jogos no Brasil, mas veio para ficar.
Nos primórdios do futebol o jogo era algo muito diferente do que conhecemos hoje. Para se ter uma ideia, tocar a bola com as mãos era permitido por qualquer jogador em campo. Até porque goleiros não existiam no início. E também eram disputados sem árbitros e sem tempo regulamentar. Dá para imaginar a bagunça que eram os jogos.
O regulamento do futebol foi definido em 1863, quando Ebenezer Cobb Morley convidou representantes de 12 clubes da Inglaterra para juntos delinearem quais seriam as regras do jogo. Inicialmente foram definidos 13 itens básicos para a prática do esporte. As regras do impedimento, o árbitro, o tempo de jogo e o pênalti foram introduzidos somente anos depois. O primeiro jogo sob o novo código foi disputado entre os times Barnes e Richmond.
Caso as novas regras sejam realmente introduzidas, o futebol viverá novos tempos e tomara contribuam com o espetáculo. Afinal, tem jogos demasiadamente ruins e sonolentos em que o dinheiro dos ingressos deveria ser devolvido aos torcedores.
Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.
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