Fernando Diniz, um treinador incompreendido que merece melhor sorte
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Fernando Diniz, um treinador incompreendido que merece melhor sorte

Por Roberto Maia


Na noite da última segunda-feira, em meio ao feriadão do carnaval, assisti ao programa “Bem, Amigos!” no canal Sport TV, que trouxe como convidado o treinador Fernando Diniz. Atualmente desempregado, ele de maneira muito tranquila e sincera não se esquivou de nenhum assunto, inclusive sobre a discussão que teve com o jogador Tchê Tchê quando ainda comandava o São Paulo.


Aliás, Diniz lamentou muito a sua demissão no Tricolor na temporada de 2020 e disse ter sido a demissão mais doída em sua carreira como técnico de futebol. Durante sua passagem pelo São Paulo o time sob seu comando realizou apresentações em que mostrou futebol vistoso e arrojado. Porém, após fase ruim marcada pela ausência de jogadores importantes, ficou seis jogos sem vencer no Brasileirão daquele ano. Favorito ao título, o time perdeu a liderança e como sempre acontece no Brasil, o treinador foi demitido.

Fernando Diniz lamenta muito a sua demissão no São Paulo e diz ter sido a mais doída. (Foto: Reprodução/SportTV)

“O time jogava bem e treinava bem todo dia. Talvez eu fosse até desnecessário. Eles se entendiam bem. Foi uma pena termos caído tanto, tirou os dois títulos da nossa mão. Eu acho que deveria ter ficado”, lamentou.

O resultado foi que o São Paulo não conseguiu se recuperar no campeonato apesar da demissão de Diniz e terminou o Brasileiro na quarta posição, com 66 pontos.


Eu particularmente gosto muito de Fernando Diniz como treinador de futebol. Infelizmente seu trabalho ainda não foi coroado com a conquista de campeonatos importantes. Digo infelizmente porque ele tem uma visão do jogo diferente da maioria dos técnicos que privilegiam a defesa para garantirem resultados magros, mas que são garantia de manutenção do emprego.


Os times comandados por Fernando Diniz querem ter a posse de bola e sair jogando desde o seu goleiro. Evitam os chutões desnecessários dos zagueiros e têm transição rápida ao ataque. Ou seja, um esquema tático que não tem nada de novo e consagrou o Brasil no cenário futebolístico mundial. Era assim nas décadas passadas. Mas, infelizmente, o futebol mudou para pior.


Talvez no Brasil isso tenha começado a mudar quando a seleção brasileira foi eliminada da Copa de 1982. Naquele ano, o time comandado por Tele Santana causava admiração no mundo e era o favorito absoluto para conquistar o título.


Em determinado momento do programa “Bem, Amigos!”, Fernando Diniz disse que que tem convicção de que a sua visão tática do futebol é a melhor e que não pretende mudar. Prefere continuar trabalhando para fazer os ajustes necessários. Porém, ele depende muito da colaboração dos jogadores sob o seu comando, que nem sempre estão dispostos a fazer mais pelo grupo e bem comum. No esquema de Diniz, a recomposição tem que ser muito rápida e a marcação constante e por todos no time.


Perguntado quais foram os melhores jogares que já comandou, Diniz disse que Ganso e Pato são acima da média. Sem dúvida os dois são sim muito bons tecnicamente, mas que nunca se adaptaram às exigências do futebol moderno que exige extrema dedicação tática e muita rapidez.


Fernando Diniz também mostrou muita preocupação com a forma com que os jogadores são tratados nos clubes. Segundo ele, são apenas jogadores que importam enquanto estão jogando bem e trazendo resultados. Para ele os jogadores devem ser tratados como gente que como todos tem necessidades e problemas. O treinador disse que os times deveriam ter essa preocupação e oferecer atendimento psicológico aos atletas.


Desejo sorte a Fernando Diniz e que ele em breve volte a trabalhar e tomara alcance seus objetivos. O futebol será bem melhor se ele conseguir.

Ganso foi elogiado por Fernando Diniz como jogador que consegue soluções que outros não enxergam. (Foto: Rubens Chiri/saopaulofc.net)

Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.


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