Educação e arte na periferia: 9ª Feira Literária da Zona Sul acontece entre os dias 18 e 23
top of page
Buscar

Educação e arte na periferia: 9ª Feira Literária da Zona Sul acontece entre os dias 18 e 23

Mais de 10 mil pessoas são esperadas na 9ª edição do evento, que reúne mais de 60 editoras independentes em uma programação gratuita; neste ano, a feira objetiva destacar a articulação entre arte periférica e educação


Entre os dias 18 e 23 de setembro, São Paulo receberá a 9ª edição da Feira Literária da Zona Sul (FELIZS). As atividades serão realizadas em espaços educacionais e culturais nas regiões de Campo Limpo, Jardim São Luís e Capão Redondo. A entrada é gratuita. Este ano, o evento tem como tema “Arte e educação – travessias e outras margens". “Nosso objetivo é evidenciar a potência do encontro entre expressões artísticas e a educação escolar, para além da visão tradicional de formação de público. Reconhecer as subjetividades que estão lá, no cotidiano, pode ser uma via para transformar a escola em lugar de encontro com a diversidade ”, afirma Thania Rocha, atriz, terapeuta e integrante da produção da FELIZS.


Entre os princípios que a feira pretende debater, está a necessidade de as escolas e outros espaços educativos periféricos abrirem portões e quebrarem muros (literal ou metaforicamente) para seu entorno, e considerar os fazedores de cultura como parceiros e aliados na promoção de uma escuta dos sujeitos que lá estão presentes. "Isso envolve conhecer o território e suas expressões, investigar as mestras e mestres presentes na comunidade escolar, incentivar as manifestações de crianças, jovens e adultos e posicionar-se contra o racismo, o machismo, a LGBTQIA+fobia e outras opressões estruturais que aparecem na escola por estarem difundidas na sociedade", ressalta Thania.


Foto: divulgação

Entre os destaques da programação está a feira literária que reunirá mais de 60 editoras independentes de todo o Brasil no dia 23 de setembro, na Praça do Campo Limpo (Rua Aroldo de Azevedo, 100), em um dia com várias atrações para todos os públicos, da música ao teatro, distribuição e troca de livros, e participação das escolas. As escolas que levarem seus estudantes à Praça receberão a “moeda literária”, um crédito para que os alunos comprem livros dos autores que estarão na Feira. Além disso, as atrações da FELIZS acontecerão durante toda a semana, em espaços culturais e educacionais, como escolas, Centros de Educação Infantil, bibliotecas comunitárias etc. A expectativa da organização é receber um público de 10 mil pessoas durante a semana.


Em sua 9ª edição, a FELIZS é uma das feiras pioneiras na valorização de autores da periferia. Para Silvia Tavares, que integra a equipe de produção e também é educadora na Zona Sul, a aposta nas linguagens artísticas, e especialmente na literatura periférica, acena com a possibilidade de transformação do currículo escolar em direção à consideração da diversidade: “Quando começamos a trazer os saraus, slams e literaturas periféricas para as vivências com crianças e jovens, vemos os cabelos mais livres, os corpos mais altivos e o interesse por leitura e escrita se torna voraz, pois é da vida delas e deles que passamos a falar. Isso provoca inclusive os educadores e educadoras a também terem contato com a expressão poética, e muda a qualidade da experiência de ser educador/a”.


“Mulheragem” às educadoras Marilu Cardoso e Solange Amorim


Este ano, a FELIZS irá homenagear duas personalidades da Zona Sul, as educadoras Marilu Cardoso e Solange Amorim.


Marilu foi aluna das escolas públicas da região de M'boi Mirim, é professora de História e foi Diretora da Divisão Pedagógica da Diretoria de Educação do Campo Limpo, promovendo formações de professores e encontros com arte-educadores durante sua permanência nesse posto. Doutorou-se com um trabalho sobre a transição entre campo e cidade na obra de grandes autores da música brasileira dos anos sessenta. Solange Amorim também é uma “cria” da periferia da Zona Sul. Ativista da educação desde os anos 90, foi diretora da EMEF Sócrates Brasileiro, no território de Campo Limpo, e durante este período promoveu a articulação dos setores de cultura da região para a construção da proposta pedagógica “Território do Povo”, com forte presença dos equipamentos e grupos de cultura no cotidiano da escola. Também poeta e frequentadora dos saraus da região, Solange apoiou a fundação do Coletivo Territorialidades, de educadores articulados ao território da Zona Sul, e a jornada-manifesto “Ocupa a Cidade” (2020) defendendo um currículo escolar autoral e emancipador, contextualizado nos territórios paulistanos no auge da pandemia. Hoje atua como supervisora escolar na rede municipal e faz Mestrado na USP, além de movimentar um terreiro de umbanda e candomblé, dirigido por sua mãe, no município de Embu das Artes, como ẹ̀gbọ́n de Oxumarê.


Foto: divulgação

As educadoras farão parte de um mini-documentário sobre suas vidas e conduzirão uma conversa literária no encerramento da Feira, na Praça do Campo Limpo, dia 23 de setembro, às 14 horas.


A Feira contará ainda com a participação de educadores em todas as conversas literárias e de convidados como o ativista e influenciador digital Thiago Torres, conhecido como Chavoso da USP, falando sobre arte e saúde mental na educação no SESC Campo Limpo (dia 19, às 19h). Outros temas, como a linguagem poética, a pedagogia dos saraus e slams e a literatura para bebês e crianças farão parte do roteiro temático da semana, com a presença de autores e projetos premiados em eventos como o Prêmio Jabuti e Prêmio Paulo Freire. No dia 22, a líder guarani Jerá e o pesquisador e professor Salloma Salomão debaterão no CEU Feitiço da Vila o papel da arte periférica nos vinte anos da lei que instituiu o ensino de história e cultura africana, afrobrasileira e indígena no currículo.

bottom of page