Covid-19: Pesquisa aponta queda no atendimento para radioterapia no país
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Covid-19: Pesquisa aponta queda no atendimento para radioterapia no país

Por Paulo Lázaro


Desde o início da pandemia do COVID-19 o Brasil teve uma queda expressiva no número de atendimentos oncológicos.


Em 2020 notou-se desde diminuição no número de biópsias, até queda importante no número de casos novos devido a dificuldade de acesso ao diagnóstico, bem como a cirurgia e quimioterapia. Atualmente vivemos uma época de recrudescimento da pandemia e é esperado que o número de pacientes sem acesso a tratamento aumente.

Imagem: iStock

A Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) mapeou os impactos da pandemia do novo coronavírus no atendimento de pacientes oncológicos com indicação de tratamento para radioterapia. O estudo, que contou com 126 serviços de radioterapia espalhados por 24 estados brasileiros, mostrou que houve queda de mais de 20% dos atendimentos a pacientes em 77 (61,1%) destes serviços, de maio a junho de 2020. A pesquisa mostrou que cerca da metade dos serviços tiveram colaboradores e pacientes durante a radioterapia com diagnóstico positivo de COVID-19.


As causas apontadas pelos serviços de radioterapia para a redução do volume de pacientes atendidos foram diversas. As três principais foram o não encaminhamento dos pacientes por seus médicos, medo do paciente e familiares em realizar a radioterapia por causa do isolamento e a redução do diagnóstico de novos casos de câncer. O que preocupa é o tratamento represado no período e suas consequências.


Ainda segundo o mapeamento, no Brasil, a média de deslocamento até o local mais próximo para um procedimento de radioterapia é de 76 quilômetros. Enquanto no estado de São Paulo a distância média é 33, um paciente que mora em Roraima e no Acre, estados que não contam com esse serviço, a distância média é de 1.605,5 km e de 1.487,3 km, respectivamente.


Hipofracionamento

Para reduzir a necessidade de vezes que o paciente precisa se descolar uma das medidas adotadas é o hipofracionamento, que é a diminuição do número de aplicações com aumento de dose por dia.


O tratamento é mais rápido e ainda preserva os resultados terapêuticos. Na prática, significa que ao invés das 40 sessões de tratamento, poderão ser realizadas 20 (hipofracionamento moderado) ou até a cinco sessões (hipofracionamento extremo), o que resulta em uma redução de oito vezes.


Entre serviços mapeados, 98 (77,8%) adotaram medidas de hipofracionamento. O modelo de tratamento foi mais frequente no Centro-Oeste, com oito dos nove serviços (88,9) realizando este procedimento. Na sequência estão as regiões Nordeste (16 de 20 serviços - 80%), Norte (quatro de cinco – 80%), Sudeste (52 de 66 – 52%) e Sul (18 de 26 – 69,2%). As principais indicações/localizações para hipofracionamento foram para pacientes com diagnóstico de câncer de mama, metástase óssea, metástase cerebral, assim como pele, próstata, sistema nervoso central e reto.


Pandemia

A pandemia de covid-19 também impactou equipes dos serviços de radioterapia. Mais da metade dos serviços tiveram pacientes (52%) e colaboradores (54%) com casos diagnosticados do novo coronavírus.

A frequência média à radioterapia com pacientes e funcionários diagnosticados com covid-19 foi de 52,4%: Centro-Oeste (44,4%), Nordeste (75%), Norte (60%), Sudeste (53%) e Sul (34,6%). A). As principais condutas frente ao diagnóstico de covid-19 foram interrupção da radioterapia e isolamento do paciente (34,5) e realização da radioterapia no final do expediente (26,5%).


O impacto causado pela pandemia também demandou a adoção de sistemas de teleatendimento. Dentre os serviços, 80 adotaram serviço telefônico, 41 atuaram nas mídias sociais, 23 efetuaram atendimento por telemedicina e 17 trabalharam com videoconferência.


Essas medidas mostram que apesar do cenário nacional ser de alerta máximo em relação ao COVID-19 há um consenso sobre a manutenção do cuidado oncológico intensificado em todo pais.

O câncer definitivamente não pode ser relegado a segundo plano e as pessoas com suspeita ou em tratamento devem continuar sob cuidados médicos regularmente.


Confira aqui a íntegra do estudo: SBRT_IMPACTO_COVID19.pdf (sbradioterapia.com.br)


Paulo Lázaro é médico, graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas), com doutorado na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). Especialista em Radioterapia e Neuro-oncologia. Idealizador do site Radioterapia Legal https://radioterapialegal.com.br

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