Convivência no trânsito: paciência e respeito
top of page
Buscar

Convivência no trânsito: paciência e respeito

Por Coronel Camilo


Hoje, a caminho do trabalho, me deparei com uma discussão de trânsito que, por muito pouco, não chegou às chamadas vias de fato, isto é, enfrentamento físico em via pública. Tudo por causa de uma morosidade do motorista que ia à frente, que estava com dificuldade no seu carro. O desentendimento começou com sinais desrespeitosos, depois, emparelhados, abriram os vidros dos carros, trocaram xingamentos e ameaçaram descer dos veículos. Felizmente, o semáforo ficou verde e cada um, visivelmente inconformado, tomou o seu caminho.


As discussões no trânsito de São Paulo estão cada vez mais comuns. As pessoas dirigem estressadas, estão correndo para seus compromissos e há situações em que parece que elas estão com o firme propósito de discutir com o motorista vizinho e agredi-lo verbalmente, somente por uma fechada de carro ou observar que o veículo à frente está com velocidade reduzida. Essa "cultura" precisa mudar. Todos querem ter razão. Às vezes nenhum tem. É preciso paciência e respeito.


Quando no comando da Polícia Militar, no início de 2012, lembro que, diariamente, a corporação recebia entre 300 a 400 ligações com pedidos para atendimento de "briga no trânsito". Essa situação só se agravou com o radicalismo atual, onde as pessoas se agridem nas redes sociais e, muitas vezes, esse conflito migra para a vida real. Por isso, o incentivo à paz no trânsito deve ser constante e propagado em todos os aspectos e em todas as idades.


Esse estímulo, a cultura da paz, deve começar cedo, com as crianças em casa e, principalmente, na escola. Noções básicas de educação no trânsito contribuem para a formação de um adulto consciente e mais equilibrado para lidar com determinadas situações. Há previsão legal para isso, pois segundo o artigo 76 do Código de Trânsito Brasileiro, a educação de trânsito será promovida em todos os níveis de ensino, por meio de ações coordenadas entre os órgãos federais, estaduais e municipais.


Atravessar na faixa, respeitar o pedestre, o ciclista, o motociclista e prestar atenção nos semáforos e nos veículos próximos são algumas das grandes ações a serem incutidas nos alunos. Em muitos lugares isso já ocorre. Mas é preciso mais. Quando deputado estadual criei a Frente Parlamentar da Família, Cidadania e Cultura. Uma das premissas do trabalho era internalizar valores éticos e morais aos jovens e fornecer noções básicas de cidadania. E o trânsito precisa urgentemente de mais cidadania.


Também, na minha passagem pela Assembleia Legislativa de São Paulo, fui autor da lei número 16.890, de 21 de dezembro de 2018, que cria o Programa Lições de Ética e Cidadania nas Escolas, para ser desenvolvido nos ensinos fundamental e médio das redes pública e privada no estado. Tudo para ajudar na formação dos jovens, para que ele se torne um cidadão que saiba conjugar a liberdade com responsabilidade, o direito com os deveres e principalmente o respeito pelo próximo.


Entendo ser o trânsito uma questão tão importante que, como Comandante-Geral, em 2010, recriei o Comando de Policiamento de Trânsito, extinto em 2001. Foi um grande acerto essa recriação. Desenvolvem um excelente trabalho, fazem campanhas de educação e ajudam o Estado de São Paulo reduzir as mortes no trânsito. Falaremos noutro artigo sobre este grande trabalho.


Lembrem-se, o mais importante é a conscientização de que temos uma grande responsabilidade no trânsito, além de respeitar a sinalização, respeitar também as outras pessoas e dirigir de forma segura, para não colocar em risco a nossa família e as outras pessoas. Essa é a melhor forma de evitarmos acidentes e termos uma melhor qualidade de vida.


Coronel Camilo é formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.

bottom of page