Chá da tarde: ritual inglês para nobres e plebeus
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Chá da tarde: ritual inglês para nobres e plebeus

Por Paulo Panayotis


Londres – Inglaterra – Ir à Inglaterra e não provar um chá da tarde é ir à França e não experimentar um verdadeiro croissant. O ritual presente na vida dos britânicos cruzou fronteiras e hoje é serviço em muitos lugares no mundo. Um deles é o chá da tarde servido num dos meus restaurantes preferidos em Paris: o Le Dalí, dentro do hotel-palace Le Meurice. Provei vários outros nos hotéis The Dorchester, Ritz, The One, em Londres e confesso fiquei fã desta tradição que hoje faz parte da vida de nobres e plebeus. Mas você sabe quando começou este costume? A lenda diz que o primeiro ‘english afternoon tea’ ou chá da tarde inglês foi criado pela sétima duquesa de Bedford, Anna M. Russel, no século XIX, mais precisamente em 1865. De lá para cá, mais de150 anos se passaram e esta tradição segue mais viva e atual do que nunca! Afinal, nada mais inglês do que se programar, fazer a reserva, se arrumar e vivenciar um chá da tarde. Em Londres, é claro! E já adianto que cada um tem suas peculiaridades. Um dos que mais gostei foi o servido no hotel Langhan, of course!

Salão interno do Palm Court , Langham Hotel, Londres

Curioso que sou, fui conhecer o chá da tarde de um dos hotéis mais icônicos da cidade, mas quem curiosamente não está na lista dos mais badalados. Mais do que um imperdoável engano, uma grande injustiça! Justifico: o Langham, instalado em um dos mais prestigiados locais de Londres tem mais de um século e meio de existência e segue em alta no quesito hotelaria de luxo. Ou seja, foi inaugurado apenas um ano depois do que quando, supostamente, a cerimônia do chá surgiu. Tudo impecável!

Uma baiana legítima em Londres meu rei!

Lady Gaga, Xuxa, Winston Churchill, princesa Diana, Tâmara Urpia já passaram por aqui. Os quatro primeiros dispensam apresentações. Tâmara, uma baiana legítima, não só passou aterrissou no Langham. Após trabalhar na Toscana, na Itália, migrou para a capital inglesa. Ao me receber falando inglês deixou transparecer a baianidade naturalmente simpática! “Comecem com champagne, viu?” sugeriu ela com aquele jeito hospitaleiro que só baiano tem! Sugestão aceita, começo o chá com uma taça de Laurent Perrier rosé brut.

Chá da tarde moderno com Champagne rosé

Só aí paro para dar uma olhada mais atenta ao salão onde estou. A delicadeza, o charme e os detalhes impecavelmente cuidados fazem de um simples chá da tarde uma experiência sensorial e gastronômica inesquecível. Com o champanhe, chegam à mesa uma pana cota (espécie de pudim) perfumada com aroma de flores, mais precisamente elder flower ou flores de sabugueiro, muito comuns na Europa e coberta com uma finíssima gelatina de damasco. Na sequência, mini-sanduichinhos: de pepino com creem cheese, de pastrami em pão de cacau, de ovos com trufas pretas e de salmão defumado com ovas de salmão. Dispenso o clássico de pepino com creem cheese. Em compensação peço repeteco da iguaria de ovos com trufas e do meu amado, de salmão defumado com ovas de salmão! Antes os sanduíches chegavam todos de uma vez sem precisar pedir ou escolher. Hoje, apesar de ser possível, você pede “à la carte”. Mas detalhes: pode repetir quantas vezes quiser. “Desta forma, explicou o simpático garçom romeno Martin Piecka, eles chegam ainda mais frescos à sua mesa”. Então tá: mais dois, por favor! Detalhe: na maioria dos lugares, os “chás” da tarde são servidos em três horários: 16, 17 e 18 horas. Hoje a tradição começa mais cedo em alguns lugares, com reservas possíveis a partir de 13h30, o que para os brasileiros ainda causa estranhamento.

Delicadeza e sabor

Peço ao maître, o belga Wauter Van Giel, que me guie e vá sugerindo os pratos. Um pequeno brioche envolto em lascas de trufas deixa um sabor marcante com gosto de quero mais! Fico fascinado com a delicadeza do tartare de salmão cru com molho de gin! Não acredito na beleza das verdadeiras obras de arte confeccionadas em açúcar que aterrissam na sequência. Parecem literalmente joias cuidadosamente esculpidas à perfeição. Sabe aquele tipo de coisa que dá até pena de comer de tão bonito? Ufa achei que o termo ‘chá da tarde” era mais um eufemismo do que uma realidade! Termino pensando porque não curti mais esse ritual antes... E terminei prometendo que não escaparei mais de ir conhecer outros chás da tarde. De preferência em Londres. Mas se encontrar disponpivel em outros lugares não deixarei de provar e contar para vocês. “God save the ‘afternoon tea’! Oh my God! Ai meu Deus!

Jornalista viajou a convite do Visit Britain com seguro Universal Assistance.

Fotos: Paulo Panayotis | Adriana Reis ©oqvpm


Paulo Panayotis é jornalista especialista em turismo, mergulhador e fundador do Portal OQVPM - O Que Vi Pelo Mundo. Mora na Europa, tem passaporte carimbado em mais de 50 países e viaja com patrocínio e apoio Avis, Travel Ace e Alitalia. O jornalista se hospedou a convite do grupo Maisons & Hotels Sibuet representado no Brasil pela AD Comunicação

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