Cartinha para um menininho de 4 anos assassinado pelo padrasto
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Cartinha para um menininho de 4 anos assassinado pelo padrasto

Por Fernando Jorge

Henry Borel, de 4 anos (Imagem: Reprodução/Redes Sociais)

Sou um pecador cheio de defeitos, mas sempre amei as crianças. A inocência, a pureza delas me comovem profundamente e sempre me lembro desta frase de Vitor Hugo:


“Quando a criança nos olha, Deus nos sonda.”


Frequentes vezes, ao ver os pequeninos, ouço, como música divina, estas palavras de Jesus, registradas na Bíblia, no Evangelho de São Lucas:


“Deixai as crianças virem a mim e não as impeçais, pois delas é o Reino de Deus. Em verdade vos digo, aquele que não receber o Reino de Deus como uma criança, nele não entrará.”


Depois de ficar informado sobre a morte do menino Henry Borel, de apenas quatro anos, ao ler a descrição das pancadas, das torturas às quais o garotinho foi submetido, eu chorei, me senti profundamente emocionado. Quem o maltratou até ele morrer foi o vereador carioca doutor Jairinho, ou melhor, o monstro carioca, cínico, frio como uma barra de gelo, o monstro disse às autoridades:


– Henry se machucou porque caiu da cama.


Mas a necropsia havia revelado: o menino sofrera espancamento bárbaro, em todas as partes do seu corpinho, porradas até na sua cabecinha. Chorando, pedi a um anjo para ir ao Céu e ler esta cartinha enviada a ele:


“Querido Henry, agora você está aí no Céu, junto de Jesus e Nossa Senhora. E num jardim belíssimo, maravilhoso, ouvindo a música dos violinos de anjinhos. Quantos brinquedos você ganhou, quantos! Trenzinhos, bonequinhos, bolinhas de várias cores, carrinhos de todos os tipos... Brinque à vontade, junto da pequenina Isabella Nardoni, que com cinco anos morreu, jogada pelo pai e pela madrasta do sexto andar de um prédio, no ano de 2008. Troquem beijinhos, passem a ser namorados. E comam bastante os divinos chocolates, feitos por Jesus e sua mãe, Nossa Senhora. Comam à vontade, não haverá o risco de terem indigestão... Recebam, enviados aqui do planeta Terra, os beijos espirituais do Fernando Jorge."


Última informação para os meus leitores: Monique, a mãe de Henry, contou a uma pediatra que o filho tremia e vomitava ao ver o seu padrasto (O Globo (12-4-2021). Meu Deus! E ela, a mãe de Henry, não o socorreu, não procurou salvá-lo!


Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.

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