Por Coronel Camilo
Algumas experiências pelas quais a gente passa nos impactam de várias maneiras, e tive uma muito boa que aplico até hoje e incluí no meu trabalho à frente da Subprefeitura Sé.
Em fevereiro de 2009, pouco antes de assumir, com muito orgulho, o Comando Geral da Polícia Militar de São Paulo - 2009 a 2012 -, fui convidado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) para fazer um estágio naquele país.
Cheguei entusiasmado, pois o universo oriental sempre me fascinou. Sua cultura, seus ensinamentos milenares, o respeito às pessoas, aos mais idosos, ao bem público, aos valores e até a maneira como tratam a criminalidade são exemplos a serem seguidos.
Em Tóquio, aprendi que as forças de segurança são conhecidas por sua eficiência e abordagem comunitária, trabalhando em conjunto com a população, construindo soluções perenes de segurança e desempenhando um papel crucial na manutenção da ordem urbana.
Lá conheci o sistema de kōban, que são pequenos postos policiais, que ficam em bairros com agentes que conhecem bem a comunidade local. Por estarem presentes, ajudam na prevenção de crimes, aumentam a percepção de segurança dos moradores, além de realizar assistência rápida e patrulhamento imediato.
Aproveitando esse conhecimento, colaborei para a implantação do Programa Vizinhança Solidária (PVS), iniciando também no meu comando, em 2009, pelo então Capitão Daniel - hoje coronel da reserva -, onde os vizinhos colaboram com a polícia, literalmente, olhando a casa do outro e o espaço público.
Essa interação inclui reuniões entre policiais, Conselhos Comunitários de Segurança (CONSEG) e residentes para discutir e desenvolver estratégias conjuntas para melhorar a prevenção de crimes.
Em São Paulo, contamos também com a ajuda do Programa Smart Sampa, que está sendo implantado em toda a cidade, aliando a tecnologia nas operações de monitoramento, com câmeras de vigilância em áreas públicas, avenidas e parques, entre outros, que observam atitudes suspeitas e permitem ações rápidas das forças de segurança.
Mas, o meu maior aprendizado foi que, sem a participação da comunidade, com conscientização sobre a segurança e comportamentos preventivos, evitar a criminalidade e até a preparação para desastres, fica muito mais difícil.
A segurança é fortalecida quando a população abraça a causa e acredita na união de todos e nas forças de segurança. Por isso, o protagonismo da sociedade suplanta qualquer programa. É a comunidade unida que constrói uma cidade mais limpa, mais organizada, mais segura e com qualidade de vida para todos.
Coronel Camilo é formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.
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