Por Coronel Camilo
Vivemos em um mundo cada vez mais agitado, onde as cidades não param de crescer e os adensamentos urbanos só aumentam. Fica cada vez mais difícil o Poder Público zelar pela segurança e pelo espaço público sem o auxílio da comunidade. Diante disso, mais do que nunca, a parceria do Município/Estado com o cidadão, interagindo, sugerindo e dando informações, é fundamental em todos os setores, principalmente na segurança pública.
Ao longo do tempo, várias iniciativas surgiram nessa direção: Polícia Comunitária, Conselho Comunitário de Segurança (CONSEG), Gabinete de Gestão Integrada (GGI) e, nessa linha, surgiu o Programa Vizinhança Solidária (PVS). Nele, a comunidade tem contato mais estreito com o Poder Público, e mais: a ação fomenta o contato e a solidariedade entre as pessoas.
Nascido no Itaim-Bibi, zona sul, mais precisamente na Rua Itacema (Secretaria da Segurança Pública, 2009), o programa Vizinhança Solidária logo se transformou em um grande sucesso, foi incorporado pela Polícia Militar em 2013, virou lei em 2018 (Lei Estadual 16.771/2018) e ganhou até um dia para se lembrar da sua criação, 31 de agosto (Lei Estadual 17.169/2019). Tudo para aumentar ainda mais a sua disseminação pelo Estado.
O Programa Vizinhança Solidária consiste em reunir um grupo de vizinhos de uma rua, ou um bairro, que passam a interagir com frequência, normalmente por meio de um aplicativo (WhatsApp ou outro), e ter um olhar diferente para o espaço público, sob o foco da segurança pública. O PVS muda o comportamento das pessoas e toda anormalidade na região é comunicada para as autoridades competentes e, se for de segurança, a polícia é avisada rapidamente.
Baseado na prevenção primária, principalmente na Teoria das Janelas Quebradas (James Wilson e George Kelling, 1982), utilizando os conceitos de vizinhança e solidariedade e aumentando pertencimento das pessoas, o Programa Vizinhança Solidária tem apresentado sucesso em São Paulo, com uma redução, em média, de 70% da criminalidade local. Com cerca de 3000 grupos em todo o Estado, o programa, de adesão voluntária, é aberto à participação de qualquer pessoa e pode ser implantado em qualquer comunidade.
Os integrantes do programa, sobre a administração de um Tutor (administrador), fazem reuniões periódicas e identificam suas casas com uma placa geralmente amarela com os dizeres: "Área vigiada pela comunidade, comunicamos toda atitude suspeita imediatamente para a polícia”. Estas placas, além de identificar o programa, trazem sensação de segurança aos moradores e, ao mesmo tempo, dão um recado à criminalidade de que aquele espaço é cuidado por todos. Isso afasta o crime.
Para implantar o programa em determinado bairro, converse com seus vizinhos, forme um grupo e mantenha contato com a Unidade da Polícia Militar mais próxima da sua residência. A segurança é responsabilidade de todos. Se cada um fizer a sua parte, teremos uma segurança melhor e, mais que isso, qualidade de vida para nós e nossas famílias.
Coronel Camilo é formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.
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