Violência no futebol brasileiro segue em ritmo crescente. Até quando?
- Roberto Maia
- 27 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
Por Roberto Maia
Na última semana, os amantes do futebol acompanharam mais um lamentável evento que ultrapassou todos os limites do absurdo. Após o empate contra o Sport, pela Copa do Nordeste, o ônibus do Fortaleza foi alvo de um ataque brutal na saída da Arena Pernambuco. Seis jogadores - Titi, Brítez, João Ricardo, Sasha, Dudu e Escobar - ficaram feridos e precisaram de atendimento hospitalar.

No início da madrugada de quinta-feira, a delegação do Tricolor cearense deixou o estádio para um trajeto de aproximadamente 30 minutos. E o que deveria ser um momento de reflexão sobre a partida, transformou-se em uma cena de terror. Cerca de dez minutos após a saída, o ônibus do Fortaleza foi atacado por um grupo de torcedores do Sport, que lançaram bombas caseiras e pedras contra o veículo.
O CEO do Fortaleza, Marcelo Paz, indignado com o ocorrido compartilhou a realidade chocante por meio de uma transmissão ao vivo nas redes sociais. O vídeo mostrava jogadores como Lucas Sasha e o lateral Dudu sangrando, enquanto o argentino Marcelo Escobar foi atingido na cabeça por uma grande pedra. Os vidros do ônibus foram destruídos, os bancos manchados de sangue, criando uma cena que bem poderia ser de uma guerra.
Infelizmente, este não é um incidente isolado. Recordo-me de outros atentados semelhantes nos últimos anos, incluindo o apedrejamento de ônibus com torcedores do Internacional em 2023 e o ataque ao ônibus do Fluminense após uma vitória sobre o Olimpia. Em 2022, o ônibus do Grêmio foi alvo de torcedores rivais antes do Gre-Nal, resultando em lesões graves no volante paraguaio Villasanti. O Atlético-MG também teve seu ônibus apedrejado em 2022, assim como o ônibus de torcedores do Flamengo a caminho da arena do Corinthians.
A pergunta que ecoa em minha mente é: até quando permitiremos que esses atos de violência continuem manchando o futebol brasileiro? Não podemos aceitar que a paixão pelo esporte se transforme em um campo de batalha. O episódio recente com o ônibus do Fortaleza é um alerta gritante de que medidas sérias precisam ser tomadas antes que tenhamos uma tragédia irreparável.

Se tais atentados ocorressem na Europa ou nos Estados Unidos, seriam tratados como atos de terrorismo, com os responsáveis sendo prontamente identificados, julgados e encarcerados em prisões de segurança máxima por longos anos. No entanto, por aqui, esses atos de violência não dão em nada e viram meras estatísticas de confrontos entre torcidas.
É hora de exigir justiça e segurança no futebol brasileiro. Os responsáveis por esse ataque covarde ao ônibus do Fortaleza precisam ser encontrados e punidos com rigor, enviando uma mensagem clara de que a violência não será tolerada. As autoridades, federações e clubes têm a responsabilidade de garantir a segurança dos jogadores, comissões técnicas e torcedores, para que o futebol seja um espaço de paixão e celebração. E não um campo de batalha onde vidas estão em risco. É preciso agir antes que seja tarde demais.

Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.com.br
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