Um amigo é sempre um irmão, mas um irmão nem sempre é um amigo
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Um amigo é sempre um irmão, mas um irmão nem sempre é um amigo

Por Fernando Jorge

É bonito ver o afeto, o carinho de dois irmãos, um pelo outro. Quanto a mim, sempre amei os meus irmãos. Perdê-los levados pela senhora Morte, foi como o meu coração tivesse sido estraçalhado, a sangrar, a gemer numa dor imensa, aniquiladora.


Um irmão pode ser uma alma gêmea de outra alma. Amar um irmão é o mesmo que amar o nosso pai e a nossa mãe. Quem renega um irmão, renega o próprio sangue e, portanto, também renega o sangue da mãe e do pai, como se esse sangue fosse um líquido vermelho fabricado no Inferno por um diabo bem vermelho.


No universo da literatura existem belas uniões de irmãos. Dou exemplos. A união dos irmãos Goncourt na literatura francesa, a de Edmond Goncourt (1822-1896), e a de Jules Alfred Goncourt (1830-1870). Ambos são autores de um Journal (diário) famoso, no qual registravam e comentavam fatos, acontecimentos merecedores de análises.


Evoco aqui os irmãos Grimm, duas glórias da literatura alemã. Jacob Grimm (1785-1863) e Wilhelm Grimm (1786-1859). O primeiro era um filólogo e o segundo registrou os contos populares do povo alemão, narrativas que sempre nos encantam.


Fora do território da literatura, cito aqui, neste despretensioso bate-papo com os meus queridos leitores, os irmãos Wright, americanos, vistos, nos Estados Unidos, como os inventores do avião, Wilbur (1867-1912) e Orville (1871-1948).


Mas um amigo é sempre um irmão e um irmão nem sempre é um amigo, declarou um filósofo. Basta lembrar aqui as histórias de Caim e Abel, e a de José e dos seus irmãos, as duas histórias apresentadas na Bíblia, o mais belo livro do mundo.


Um leitor me disse ter sido atraiçoado pelo próprio irmão e afirmou: eu gostaria de possuir uma alma forte, como a sua, revelada no romance Eu amo os dois. Respondo, de modo simples: tenha esta alma forte, porque querer é, frequentes vezes, o mesmo que ganhar, eliminar as impressões dolorosas, negativas.



Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.

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