Tristeza não tem fim! São Paulo eliminado do Paulistão pelo Mirasol
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Tristeza não tem fim! São Paulo eliminado do Paulistão pelo Mirasol

Como diz a letra da música “A Felicidade” do genial Vinícius de Moraes, “tristeza não tem fim, felicidade sim”. Após o jogo em que o São Paulo foi eliminado do Campeonato Paulista pelo Mirasol, um time remendado que perdeu 18 jogadores durante a paralização do futebol por causa da pandemia, lembrei de um amigo que provavelmente estaria sofrendo naquele instante. Ele, como milhões de torcedores do Tricolor, certamente está cansado e humilhado pela falta de títulos e principalmente pelas eliminações para times de pouca expressão diante da grandeza e das glórias do São Paulo.

Eliminação para o Mirasol no Paulistão 2020 foi a sétima no Morumbi em 24ª jogos mata-mata

Não vou revelar o nome dele, mas sua história é bastante curiosa. Quando o conheci ele era torcedor da Portuguesa de Desportos. Aliás ele era o único torcedor da Lusa que eu conhecia. Acredito que a sua escolha tenha sido motivada por influência do pai português, mas não tenho certeza.


Sócio do SPFC por causa da proximidade da sua residência passou a conviver com são-paulinos. Seus colegas do clube eram pessoas felizes e satisfeitas com o período de conquistas ao longo das décadas de 80 e 90, estendendo-se até 2008 – ano em que o Tricolor conquistou o tricampeonato do Brasileirão. A fase era tão boa que os torcedores tricolores apelidaram o time de Soberano. O que para os adversários era arrogância, para os são-paulinos era apenas uma constatação.


Então, em um determinado momento, meu amigo cansado de sofrer e nunca poder gritar “é campeão” resolveu que seu coração não seria mais da Portuguesa. E sua escolha, naturalmente, foi passar a torcer pelo São Paulo. E o que aconteceu? Ele que sofria com a falta de títulos da Lusa passou a sofrer com os revezes do Tricolor. Costumo brincar com ele que a culpa pelo calvário tricolor é dele por ter abandonado a querida Portuguesa. Mas é claro que a verdadeira culpa pelos resultados negativos dentro de campo vêm de fora das quatro linhas.


O São Paulo multicampeão era sinônimo de gestão organizada e vitoriosa, que servia de exemplo para os demais rivais do estado. Porém, tudo mudou a partir do terceiro mandato consecutivo do ex-presidente Juvenal Juvêncio através de uma manobra que mudou o estatuto do clube. A partir daí vieram sucessivas gestões equivocadas com presidentes e diretores de futebol errando acima do limite suportável. Diversos grupos situacionistas e oposicionistas passaram a travar uma guerra muitas vezes irracional pelo poder.

Sem motivos para aplaudir, Fernando Diniz não consegue dar equilíbrio emocional ao time e agora está sob pressão

Desde que Muricy Ramalho, um dos maiores ídolos da história do São Paulo, deixou o comando técnico do time após a conquista do tricampeonato do Brasileirão de forma consecutiva - 2006, 2007 e 2008 -, o que se viu foi uma sucessão de erros. Treinadores qualificados e outros nem tanto passaram a ser trocados após alguns resultados negativos. Jogadores de renome e muitos inexpressivos passaram a ser contratados. Jovens promissores revelados pelas categorias de base logo são vendidos para o exterior para conter o crescente endividamento. O planejamento antes invejado deu lugar às trapalhadas que levaram à atual situação.


A eliminação para o Mirasol na quarta-feira foi a 24ª em confrontos de mata-mata desde 2013, sendo a sétima dentro do Morumbi. A maioria delas foi para times pequenos e inferiores tecnicamente, enquanto outras vieram para arquirrivais de São Paulo. O pior para os são-paulinos é que a velocidade e penetração das mídias sociais e o Whatapp não perdoam e as gozações surgem quase que instantaneamente e de forma avassaladora.

Jovens promissores como Antony, revelados nas categorias de base, ficam pouco tempo e logo são vendidos para o exterior

O que posso dizer para o meu amigo e para os demais torcedores são-paulinos é que tudo passa, ciclos vão e voltam. O São Paulo é gigante e retornará ao lugar que merece. Mas é preciso ficar vigilante e cobrar administrações competentes e com planejamentos consistentes.


Fotos: Rubens Chiri/saopaulofc.net


Roberto Maia é jornalista com MBA em Economia do Turismo pela USP-Fipe. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas há mais de 20 anos dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jonais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.

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