Superliga da Europa durou apenas 48 horas
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Superliga da Europa durou apenas 48 horas

Por Roberto Maia


A notícia de que 12 dos maiores clubes da Europa formaram uma Superliga caiu como uma bomba no mundo do futebol. Atlético de Madrid, Barcelona, Real Madrid, Arsenal, Chelsea, Liverpool, Manchester City, Manchester United, Tottenham, Juventus, Internazionale e Milan decidiram romper com as bases do futebol europeu. A ideia dos fundadores era conseguir atrair outras três equipes para o grupo e criar um novo torneio continental. A competição teria ainda outros cinco times convidados e não haveria rebaixamento.


Em comunicado o grupo fundador da Superliga da Europa explicou que o objetivo era propor uma nova competição europeia porque o sistema existente não funciona. “Nossa proposta se baseia em permitir o esporte a evoluir enquanto gera recursos e estabilidade para toda a pirâmide do futebol, incluindo ajuda para superar as dificuldades financeiras vividas por toda a comunidade do futebol na pandemia.”

O Etihad Stadium do Manchester City recebeu protestos de torcedores contra a criação da Superliga. (Foto: Visit Britain/Divulgação)

No entanto ficou bem claro que o interesse financeiro estava acima de qualquer outro argumento. Os clubes fundadores receberiam juntos 3,5 bilhões de euros já na primeira temporada. A Superliga da Europa também contribuiria com 10 bilhões de euros em "pagamentos de solidariedade".


Mas o sonho dos já milionários clubes fundadores não durou muito. Com pressão vinda de torcedores, jogadores, UEFA (União das Federações Europeias de Futebol), FIFA e até do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, apenas 48 horas depois a Superliga começou a desmoronar.


O presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, foi duro e ameaçou excluir todos os clubes que integrem a Superliga. Já a FIFA deixou nas entrelinhas que poderia impedir os jogadores dos clubes fundadores da nova entidade de participar de torneios organizados por ela. Caso da Copa do Mundo, entre outras.


Os seis clubes ingleses foram os primeiros a deixar o grupo. De acordo com notícias vindas da Itália, o Milan será o próximo a abandonar a Superliga. Assim, apenas Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid e Juventus ainda permanecem.


Atualmente, a Champions League é o torneio mais importante do planeta, reunindo os principais times europeus. E certamente o mais rentável depois da Copa do Mundo. Então por que 12 dos maiores e ricos clubes do continente resolveram criar a Superliga? A resposta é simples: para ganharem ainda mais dinheiro criando um torneio exclusivo e rentável que o modelo atual.

A UEFA condenou veementemente a criação da Superliga da Europa e ameaçou times com punições. (Foto: ©UEFA.com)

Segundo Florentino Pérez, presidente do Real Madrid, há um crescente desinteresse dos jovens pelo futebol. “Cerca de 40% dos jovens entre 16 e 24 anos não têm interesse pelo esporte. Porque existem muitos jogos de baixa qualidade e não lhes interessa. Também têm outras plataformas para se distraírem”, justificou.


A indignação dos torcedores foi imediata. Faixas de protestos foram colocadas em estádios da Itália, Espanha e da Inglaterra. Eles argumentam que a criação do novo torneio iria elitizar ainda mais o futebol, encarecendo principalmente o preço dos ingressos, além de não permitir que clubes menores possam participar da competição.


O futebol desde sempre envolveu paixão e o projeto da Superliga apenas enxergava os torcedores com clientes com potencial de gerar muito dinheiro. Esse foi o principal erro.


Com a força que têm e juntos com os torcedores poderiam pressionar a UEFA para buscar melhorias na forma de disputa da Champions League e exigir melhores premiações.


No Brasil deve ter cartolas rindo e esfregando as mãos com a situação. Se poderosos times da Europa não suportaram a pressão e tiveram que se curvar à UEFA, imagine aqui no país onde os clubes estão endividados – alguns praticamente falidos. Terão que continuar aceitando o que as federações lhes impor. E sem reclamar.



Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.


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