Por Dra. Isabela de Mendonça Vaz Moraes
Geralmente, as pessoas não associam depressão e alimentação. O tratamento mais convencional inclui medicamentos e psicoterapia. Porém, pode haver ligação entre qualidade da dieta e saúde mental, afirma um artigo de revisão publicado na revista Molecular Psychiatry.
Camille Lassale, pesquisadora da London University College, analisou dados de 41 estudos sobre a ligação entre a dieta mediterrânea e a depressão em 36.556 pessoas. Os participantes que seguiam a dieta mediterrânea tinham um risco 33% menor de depressão em comparação com aqueles cujo os hábitos alimentares eram menos similares à essa dieta.
Por outro lado, uma dieta rica em gordura saturada, açúcar e alimentos processados/ultraprocessados, também foi associada a um risco aumentado de depressão em cinco estudos realizados com 32.908 pessoas na França, Austrália, Espanha, EUA e Reino Unido.
Diversos estudos apontam como a relação entre o intestino e o cérebro desempenha um papel fundamental na saúde mental. Portanto, favorecer alimentos “anti-inflamatórios” ricos em fibras vegetais, vitaminas, minerais e polifenóis, tais como frutas, vegetais, legumes, peixe, azeite de oliva e nozes, pode ajudar a reduzir o risco de depressão.
Outro fator importante é destacar que os alimentos promotores do humor não são, necessariamente, aqueles que nos provocam imediatamente a sensação de bem-estar. Açúcar, cafeína, chocolate e álcool, por exemplo, que geralmente são usados para relaxar, proporcionar conforto ou aliviar os sintomas de TPM, estão entre os principais promotores do estresse.
É importante destacar que a alimentação não pode ser considerada o único recurso para combater a depressão. Essa é uma doença que tem múltiplas causas, tais como fatores genéticos, biológicos e socioambientais.
Apesar destes indícios apontarem uma relação causal entre alimentação e depressão e que diversos estudos já comprovaram que alimentação saudável traz inúmeros benefícios a saúde. Sendo uma ferramenta importante na prevenção e tratamento de algumas doenças como obesidade, diabetes, hipertensão arterial, câncer entre outras. Ainda precisamos de estudos mais robustos para validar a relação direta entre depressão e dieta, mas o fato é que mudança de hábitos continuará sendo um grande elemento na melhora da qualidade de vida das pessoas.
Dra. Isabela de Mendonça Vaz Moraes é endocrinologista, graduação em Medicina pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas PUC Campinas e com especialização em Endocrinologia e Metabologia pela Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, título de especialista pela Sociedade de endocrinologia e metabologia- SBEM
Комментарии