Por Coronel Camilo
"Nossa! O policial apontou a arma para ele!" Recentemente, ouvimos essa frase com espanto, como se o policial estivesse errado, dependendo da situação e do local, não está. A primeira e fundamental orientação, que faz parte do Método Giraldi de Tiro utilizado pela Polícia Militar de São Paulo, é manter-se vivo para poder defender e salvar o cidadão. Assim, em situação de perigo, o agente da lei deve estar pronto para reagir a uma injusta agressão, se ela acontecer, do contrário ele perde a vida. Principalmente numa profissão - que é uma verdadeira missão - onde você sai de casa para o labor sem saber se volta ao final de uma jornada de trabalho.
Imagine uma profissão na qual você corre riscos diuturnamente e tem apenas alguns segundos para decidir o que fazer, e essa decisão pode custar a sua vida. Difícil, não? Agora, imagine que essa decisão, depois de tomada, é irreversível. Complicou? Imagine agora que essa decisão envolve direitos ou a vida de alguém. Pois é isso o que acontece com muitos policiais no dia a dia, têm que decidir, na maioria das vezes muito rapidamente, ações que podem mudar a sua vida, da sua família e a vida das pessoas.
Para entender melhor a dificuldade da atividade policial, George L. Kirkham, professor assistente da Escola de Criminologia da Universidade da Flórida, foi experimentar na prática ser policial. Ele era um crítico contumaz das ações policiais, mas sempre recebia reclamação de seus alunos policiais de que as questões policiais não eram tão fáceis como imaginava por trás de seu gabinete acadêmico. Resolveu experimentar na prática e trabalhou por um tempo nas ruas, como policial, e entendeu a grande dificuldade. Escreveu até um artigo, muito conhecido, intitulado “De professor a policial” (Seleções, 1975).
Logo no primeiro dia de ronda, numa ocorrência de desinteligência, pôde ver na prática a dificuldade que um policial enfrenta no atendimento da sua ocorrência mais comum do dia a dia, a mediação de conflitos. Vejamos a sua narrativa.
“Com meu colega de patrulha, fui destacado para um bar, onde havia distúrbios no centro da zona comercial da cidade. Encontramos um bêbado robusto e turbulento que, aos gritos, se recusava a sair. Tendo adquirido certa experiência em admoestação correcional, apressei-me a tomar conta do caso. “Desculpe, amigo”, disse eu sorridente, “não quer dar uma chegadinha aqui fora para bater um papo comigo?” O homem me encarou incrédulo, com os olhos vermelhos. Cambaleou e me deu um empurrão no ombro. Antes que eu tivesse tempo de me recuperar, chocou-se de novo comigo e, desta vez, fazendo saltar da dragona a corrente que prendia meu apito. Após breve escaramuça, conseguimos levá-lo para a radiopatrulha.”
É uma situação delicada. Por isso que os policiais são treinados em sólidos princípios de respeito aos Direitos Humanos, respeito às pessoas, a trabalhar com Gestão pela Qualidade, utilizando as melhores práticas e com Polícia Comunitária, ouvindo o cidadão. Tudo isso com uma só finalidade: proteger as pessoas e proteger o patrimônio e parafraseando o General Campos, proteger sonhos e esperanças. O foco é sempre o cidadão, razão de ser da polícia do Estado.
Felizmente, temos uma polícia de excelência, que é destaque no Brasil e uma das melhores do mundo. Os policiais de São Paulo, apesar de toda a dificuldade da profissão/missão, desenvolvem um excelente trabalho e precisam estar sempre prontos para agir, se defender e o cidadão.
Coronel Camilo é formado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.
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