Por Pe. Ezequiel Dal Pozzo
O que nós sabemos sobre a vida? Tenho dúvidas a respeito do quanto as pessoas sabem sobre a arte de viver. O que me parece é que alguns apenas vivem. E vivem em relativa mediocridade. Estão no básico e não vão sair dele. Quando falo em básico não me refiro ao essencial. O essencial exige atenção, empenho, busca e me faz mergulhar na profundidade da vida. O básico é simplesmente viver sem perguntar-se sobre o porquê afinal estamos neste mundo.
A vida para que seja boa e verdadeira deve ser assumida como tarefa. Tarefa não é um peso. A vida deve ser leve, fluir, não se sobrecarregar e nem travar. Isso depende do nosso jeito de encará-la. Eu preciso assumir a tarefa de construção de mim mesmo. Não posso delegar a outros essa tarefa. Eu mesmo sou artífice da minha vida.
Somos seres inacabados. Estamos sempre em construção até o instante final. Podemos apreender de tudo e fazer-se e refazer-se a cada momento. Nenhuma pessoa que assume essa tarefa de ser sempre mais gente, dirá “já fiz tudo”, “sei tudo”, “não preciso mais aprender”. O fazer-se a cada instante envolve a humildade de ver sempre uma nova oportunidade de ser, fazer melhor, aprender com tudo no objetivo de ser o melhor que podemos. E o melhor que podemos ser é humanos.
O humano, embora se diga sempre, “somos humanos, por isso erramos”, não possui aqui sentido negativo. Isso porque mesmo quando dizemos que o humano erra estamos falando a verdade. O que seria se não errássemos? O que seriamos se não tivéssemos a possibilidade real de crescimento? Por isso, humano é exatamente aquele que percebe essa possibilidade de crescimento e na humildade percebe que todos estão no mesmo caminho. Ninguém chegou lá ainda. Ninguém é perfeito. Aquele que se tornou humano é mais compreensivo, tolerante, acolhedor e inclusivo. Quem aprende a ser gente não exclui ninguém.
Se olharmos para Jesus, Ele primeiramente defende o humano. Ele olha e quer exaltar a característica comum a todos. Não se detém em rótulos, posição social, tipo de religião ou raça. Exatamente porque toca naquilo que é humano é que pode tocar a todos e salvar a todos. Se olharmos para o humano da pessoa e não para outras características, estamos olhando o mínimo humano.
O mínimo humano é o elemento básico que aproxima toda a humanidade e faz com que nos demos as mãos. O mínimo humano é ver na pessoa a grandeza e o valor independente disso ou daquilo. Por isso, antes de tudo assumamos a tarefa de sermos humanos e não outras coisas. O resto vem de acréscimo. Mas o nosso valor inviolável está em nossa humanidade, que é imagem e semelhança do Criador.
Padre Ezequiel Dal Pozzo é graduado em Filosofia e Teologia e mestre em Teologia Sistemática e acredita que a música tem poder de formar o espírito. Por meio de suas músicas e textos, busca ajudar as pessoas a encontrarem o verdadeiro sentido da vida. (contato@padreezequiel.com.br)
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