Se é um chato, não adianta ser colunista de grande jornal
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Se é um chato, não adianta ser colunista de grande jornal

Por Fernando Jorge

Como lidar com um chato? (Imagem: Freepik)

Isto mesmo, se um fulano é chato e mantem uma coluna em grande órgão da nossa imprensa, não adianta nada. Ele poderá escrever durante mais de 50 anos para esse jornal e sempre será pouco lido, por ser chato, indigesto, pesado.


Conheço jornalistas metidos a besta que se julgam inteligentíssimos, mas são apenas chatíssimos. Tentam esgotar um assunto e só conseguem esgotar a paciência dos seus raros leitores. Os textos deles seriam úteis se fossem vendidos nas farmácias, como remédios contra a insônia.


Imagino até uma coisa. Um sujeito muito chato, colunista de um órgão da nossa chamada “grande imprensa”, resolveu tomar um avião, para visitar a Chatolândia, o país dos chatos mais chatos do universo, cuja capital é Chatopolis. Ao chegar a Chatolândia, após descer pela escada do avião, um grupo composto de dez chatenses, aproxima-se do sujeito chato e um deles solta estas palavras:


– Faça o favor de voltar para o avião.


O sujeito chato se espanta:


– Por quê? Eu já fui vacinado, não posso transmitir o vírus corona.


Mas o chatense insiste:


– Repito, o senhor não pode ficar em nosso país, a Chatolândia.


Revoltado, o sujeito chato argumenta:


– Sou tão chato como vocês, cidadãos da Chatolândia. Portanto não há motivo para eu voltar ao meu país, o Brasil, hoje mais conhecido pelos nomes de Corruptolândia e Propinalândia.


Firme, o chatense esclarece:


– O senhor não pode ficar em nosso país, a Chatolândia, o país dos chatos, porque viola o artigo primeiro da nossa Lei Magna, da nossa Constituição.


Dizendo isto, o chatense abre um livro, contendo a tal Lei Magna, e lê com voz alta:


“Artigo primeiro da Constituição da Chatolândia, o país soberano dos chatenses, nenhum chatense e nenhum visitante de nosso país chatíssimo pode ser mais chato do que o nosso amado imperador Chatus III, legitimo herdeiro do trono, por ser filho da nossa falecida e idolatrada imperatriz Chaterrima. Portante, como o senhor é mais chato que o nosso imperador Chatus III, o senhor viola o artigo Primeiro da nossa Lei Magna, da nossa Constituição...


Aí, revoltado, furioso, o sujeito chato volta para o avião.


Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.

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