Por Paulo Panayotis
Ah, a Índia! Um país único que atualmente passa pela pior fase da Covid-19 em todo o planeta. Não é hora de ir. Mas como tudo na vida, vai passar. E quando isso ocorrer, voltarei a este país incrível onde já estive por três vezes. Volto outras três! Nesta semana, vamos juntos relembrar a INCREDIBLE ÍNDIA!
Nova Deli - Índia - É um ritual de fé. Mas é também um ritual pagão. Necessidades espirituais se misturam ao ato de sobreviver. Cada dia e sempre. É madrugada e o movimento já é intenso. Dezenas de pessoas limpam arroz, descascam cenouras, cortam batatas. Há quase 350 anos é assim. Mais de cem de voluntários preparam comida para milhares de pessoas. Não importa a cor, a raça a religião. Ninguém faz perguntas. Todos são bem vindos.
Por dia , são preparadas e servidas cerca de dez mil refeições. Por mês, 300 mil. Por ano, mais de três milhões e meio. Impossível fazer a conta de quantas almas foram alimentadas gratuitamente desde 1667, quando tudo começou. Estou em Bangla Sahib, Nova Deli, Índia. Aqui, o trabalho não para nunca. É a segunda vez que visito a Índia, mas a primeira neste templo ‘Sick’. Engraçado pensar que esta etnia surgiu a partir de guerreiros. Hoje a guerra deles é contra a fome.
Balançando a cabeça à moda indiana, uma criança faz pose. Percebe que aponto a câmera para ela. Sentada ao lado dos pais, aguarda a refeição como se fosse uma brincadeira. Os pais se ajeitam. Também querem aparecer bem na foto. Não sabem quem sou, de onde sou, muito menos o que faço. Não importa. Na cozinha, um exército trabalha em ritmo frenético para servir lentilhas, pão quente, legumes, guisados, molhos diversos.
Divididos por turmas de aproximadamente mil pessoas, crianças, velhos, senhoras, desempregados, homens santos e pagãos esperam sua vez. Um batalhão de homens inicia os trabalhos distribuindo bandejas. Outros vem atrás distribuindo pães quentes. E outros servem comida em pequenos caldeirões fumegantes. Tudo é muito rápido, tudo é muito simples, tudo é muito inverossímil para nós ocidentais. O espetáculo de cores e aromas proporciona um momento único de envolvimento, de doação ao próximo. Mentalmente comparo a cena aos nossos abrigos no Brasil. Nenhuma semelhança a não ser saciar a fome. Esta sim, universal. Fome é fome. Aqui na Índia, no Brasil ou em qualquer lugar. Mas aqui, na terra dos 330 milhões de ‘deuses’, a experiência soa diferente. Parece diferente. É diferente. Olho para a multidão recebendo a comida como algo sagrado e mundano ao mesmo tempo. Não, não há gente miserável. Ao contrário, vejo muitas famílias asseadas, limpas, felizes. Outra característica deste país. A felicidade apesar da dificuldade.
“Ninguém vem para a Índia e volta o mesmo”, afirma Cristiane Cury, paulistana apaixonada por este lugar único. Coordenadora de turismo especializada no atendimento aos brasileiros, veio para cá em busca de autoconhecimento. “Não só encontrei, como morei por aqui durante vários anos,” complementa. Hoje, representa a Indo Asia Tours no Brasil, uma empresa que presta serviços para brasileiros que buscam algo mais na vida do que simplesmente viajar para lugares exóticos. “Independentemente de religião, é uma viagem que representa um investimento pessoal, emocional e espiritual”, acrescenta ela, que teve a vida mudada para sempre depois que pisou em terras ‘hindus’. Enquanto conversamos ao som de milhares de pessoas comendo, penso como a felicidade é uma questão de ponto de vista. Alguns são felizes com um punhado de comida, outros são infelizes com montes de dinheiro...E você? Esta feliz? Não tem certeza? Que tal conhecer a Índia e descobrir? Talvez então você perceba o significado de Namastê! Ou seja: “ O ‘Deus’ que existe em mim saúda o ‘Deus’ que existe em você!
Fotos: Paulo Panayotis / Adriana Reis - © O Que Vi Pelo Mundo
Paulo Panayotis é jornalista especialista em turismo, mergulhador e fundador do Portal OQVPM - O Que Vi Pelo Mundo. Mora na Europa, tem passaporte carimbado em mais de 50 países e viaja com patrocínio e apoio Avis, Travel Ace e Alitalia.
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