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Ronaldo compra o Cruzeiro e dá início a uma nova era no futebol brasileiro

Por Roberto Maia


Desde a aprovação pelo Congresso Nacional da criação da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) já era esperada a movimentação dos clubes brasileiros nesse sentido. Mas não deixa de ser impactante a confirmação da compra do Cruzeiro Esporte Clube, um dos gigantes do futebol brasileiro, por Ronaldo Luís Nazário de Lima, o Fenômeno, que surgiu no time celeste de Belo Horizonte antes de conquistar o mundo.


Na última sexta-feira (17), uma assembleia geral no clube mineiro aprovou a mudança no estatuto social, autorizando a negociação de até 90% da SAF para novos investidores. E, mostrando a mesma agilidade e velocidade que o consagrou nos gramados, Ronaldo anunciou no sábado (18), a compra do clube centenário e tradicional do futebol mundial.

O empresário Ronaldo Fenômeno faz a maior jogada desde que abandonou os gramados (Foto: XP/site Cruzeiro Esporte Clube)

A primeira negociação do país desde que a lei que autoriza a criação da SAF prevê investimentos de R$ 400 milhões, ao longo dos próximos anos. Valor esse que pode ser considerado uma pechincha quando pensamos no peso da camisa do Cruzeiro, mas que poderá levar o time novamente à Série A do Campeonato Brasileiro após três temporadas na segunda divisão nacional.


A transação e a nova gestão profissional do grupo empresarial de Ronaldo podem trazer o equilíbrio financeiro e operacional do clube através de um plano de crescimento sustentável de médio e longo prazo. Nesse novo formato, o clube social foi separado do futebol e ficará com a dívida de aproximadamente 1 bilhão de reais. Já o departamento de futebol fica zerado e terá que destinar 20% da sua receita mensal para saldar a dívida do clube, que poderá ser parcelada em até dez anos.


O Fenômeno terá o controle total do futebol cruzeirense. Os 10% restantes da nova sociedade ficam com o próprio Cruzeiro, mas seu presidente, diretores e Conselho Deliberativo não terão mais nenhuma autonomia nas decisões. Ao comprar o Cruzeiro, o ex-craque faz a maior jogada desde que abandonou os gramados. Sua experiência anterior como dono de clube não mostrou resultados satisfatórios até agora. Em 2014, o primeiro clube adquirido por Ronaldo foi o Fort Lauderdale Strikers, nos Estados Unidos, que não foi adiante após algumas temporadas. Atualmente ele também é dono do Valladolid, na Espanha, clube adquirido em 2018 e que este ano foi rebaixado para a segunda divisão do Campeonato Espanhol. Em compensação o clube faturou 15,4 milhões de euros somente em venda de jogadores nas últimas três temporadas.


O arrojado passo de Ronaldo com o Cruzeiro repercutiu mundialmente e abre as portas para novos aportes vindo de investidores de todo o planeta. O Botafogo carioca, o América mineiro e a Chapecoense já sinalizam que podem ser os próximos clubes a passar para as mãos de investidores ávidos por lucros que somente o futebol pode proporcionar. A principal fonte de receita será, claro, a venda de jovens jogadores para o estrangeiro.


O problema será se Ronaldo não conseguir cumprir a promessa de levar o Cruzeiro de volta à elite do futebol brasileiro. A pressão da torcida será grande e o consequente questionamento do modelo de SAF, uma aparente salvação para times que sempre tiveram uma péssima administração. Agora é esperar para ver os resultados.

Esperançosa, torcida do Cruzeiro espera pelos bons resultados prometidos por Ronaldo (Foto: Gustavo Aleixo/Cruzeiro Esporte Clube)

Roberto Maia é jornalista e cronista esportivo. Iniciou a carreira como repórter esportivo, mas também dedica-se a editoria de turismo, com passagens por jornais como MetroNews, Folha de São Paulo, O Dia, dentre outros. Atualmente é editor da revista Qual Viagem e portal Travelpedia.


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