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Que marcas estamos deixando?

Por Padre Ezequiel Dal Pozzo


Foto: Nathan Osman
Foto: Nathan Osman

O calendário nos anuncia que chegamos à metade do ano, isso nos indica que o tempo passa e nos convida à reflexão: o fim de um ciclo e o começo de outro. É o momento perfeito para pausar a correria, olhar para o caminho percorrido nos últimos seis meses e, com esperança, projetar os próximos que virão. A vida, em sua essência, assemelha-se a uma jornada na areia do tempo. A cada passo, a cada escolha, a cada interação, deixamos marcas. A pergunta que ecoa neste meio de ano é: que tipo de marcas estamos deixando? Serão pegadas de amor, de compaixão, de serviço e de alegria? Ou são marcas de indiferença, de palavras apressadas, de oportunidades de bem que se perderam como grãos de areia ao vento? Muitos de nós vivemos imersos na busca por conquistas materiais, por status, por reconhecimento. São buscas legítimas, mas que, sozinhas, não preenchem o coração. O verdadeiro legado, a marca que sobrevive à passagem do tempo, é o amor. É a diferença que fazemos na vida de alguém, a saudade boa que deixamos nos corações que tocamos, a certeza de que nossa passagem por este mundo não foi em vão. Em Eclesiastes 3:1, lemos: "Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu." Este meio de ano é o tempo de avaliar. Olhar para trás não com o peso do julgamento, mas com a maturidade do aprendizado. Onde amei? Onde errei? Onde poderia ter feito a diferença? O que passou, passou. As marcas deixadas não podem ser apagadas, mas podem ser ressignificadas pela luz do perdão e da graça. Mais importante ainda é a consciência de que a cada novo dia, a cada novo semestre que se inicia, temos uma nova página de areia à nossa frente, pronta para receber novas pegadas. A vida passa num instante, é um sopro. Por isso, não podemos nos dar ao luxo de viver no piloto automático. A grande crise do nosso tempo não é apenas econômica ou política, mas muitas vezes existencial. É a crise de quem caminha sem saber para onde, de quem vive sem um propósito maior. Que este novo ciclo que se inicia seja marcado por uma decisão consciente: a decisão de amar. De fazer do amor o critério de nossas escolhas, a motivação de nossas ações. Que possamos, ao final de cada dia, olhar para nossas pegadas e reconhecer nelas a trilha do amor, da verdade e do bem. O amor de Deus nos cura das marcas que nos feriram, nos transforma para que nossas próprias marcas sejam curativas, e nos sustenta na missão de fazer a diferença enquanto vivemos. Que, ao final da jornada, todos possam saber que por aqui passamos, e que valeu a pena, porque vivemos e, acima de tudo, amamos.


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Padre Ezequiel Dal Pozzo é graduado em Filosofia e Teologia e mestre em Teologia Sistemática e acredita que a música tem poder de formar o espírito. Por meio de suas músicas e textos, busca ajudar as pessoas a encontrarem o verdadeiro sentido da vida. (contato@padreezequiel.com.br)


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