Por Paulo Panayotis
Santorini, Cíclades - Grécia. Desço as escadas e meu amigo Lucas dispara: “ você viu a princesa Diana? Acabou de morrer!” . Sorrindo, retruco: não brinque. Eu sou correspondente em Londres e, se isso for verdade, perdi o emprego! Esse diálogo, para quem acompanhou a reportagem da semana passada aqui no JBA, ocorreu há longínquos 23 anos. Para ser exato, no dia 31 de agosto de 1997!
Mais de duas décadas depois, volto novamente ‘a minha mais amada ilha do mar Egeu, Santorini! No entanto, o convite, feito pelo empresário Michael Sfakianakis, é para uma nova experiência. Ao invés de se hospedar na “Caldeira”, em Fira (leia-se Firá), diz ele, você vai ficar muito melhor acomodado em Oia (leia-se Ía). Lá, completa ele, além de uma vista incrível você não precisará carregar malas ao longo de infindáveis degraus. Será mesmo? Caldeira, para quem nunca ouviu falar em Santorini, é o local da badalação, das noitadas, dos grandes - e caros - restaurantes com vista infinita para o Egeu e seu por do sol disputadíssimo.
Mas é em Oia onde ocorre diariamente o por do sol mais deslumbrante de todo o Ocidente. Ao menos diversos concursos mundiais elegeram Santorini e, especificamente aqui, como o “ best of the best”. Michael estava certo!
Chego de carro e entro na garagem. O terreno, com mais de mil metros quadrados é único e exclusivo em toda a ilha. Pertencente a um antigo capitão da regiao, homem poderoso desde sempre. A Passion Blue Villas é espetacular! Oliveiras, figueiras e uma infinidade de outras frutas típicas do mediterrâneo me dão as boas vindas ao lado de dezenas de flores e primaveras multicoloridas. Mas o melhor ainda esta por vir.
Bem em frente a um despenhadeiro assustador, uma jacuzzi borbulhante com vista para o mar deixa claro que este é um lugar único! A única coisa que separa a propriedade do tal despenhadeiro é uma calçada de mármore por onde desfila gente de todos os credos, cores origens. Santorini, que dizem ter sido Atlântida, é cosmopolita. Uma das mais conhecidas ilhas em todo o mundo, junto com Mykonos, é o sonho de consumo de todo viajante! Mesmo com a pandemia, que arrasou as economias mundiais, incluindo aí a do turismo, Santorini se destacou. Milhares de pessoas, dos quatro cantos do planeta, a visitaram neste inesquecível ano de 2020!
Na Villa maior, dois quartos extremamente confortáveis, sala, mini cozinha e muita, muita mordomia. “Procuramos atender nossos hóspedes como se fossem amigos antigos, sem grandes formalidades, afirma Konstantinos Politis, gerente da Passion Blue Villas, enquanto pousa uma gigantesca bandeja de café da manhã à minha frente. Suco de laranja fresquinho, folhados gregos, croissants quentinhos, ovos mexidos e simpatia, muita simpatia. “Queremos que nossos visitantes se sintam em casa mas com conforte, requinte, sofisticação, descontração e produtos locais”, arremata ele. Com uma vista esplendorosa, saboreio cada gole, cada bocado com olhos perdidos no infinito azul, na paixão infinitamente branca e azul que é esta ilha, na Passion Blue!
Perambular por Oia (Ía, lembre-se, Ía!) é obrigatório. Seja de manhã, de tarde ou, especialmente à noite, quando o inclemente deus sol vai descansar. Isso por si só já é uma experiência inesquecível. Por que, diria você? Porque Santorini, mesmo sem fazer nada, é um lugar de contemplação e, ao mesmo tempo, de badalação. Perca-se pelos infinitos labirintos e ruelas seja na Caldera, seja em Oia (Ía). Tive o privilégio de visitar esta ilha mágica por cinco vezes e, a cada vez que retorno, a vejo sob um ângulo diferente, novo, único. Minha sugestão é que você aproveite a ilha pela manhã e após o entardecer.
Especialmente no verão, quando a humidade e o sol de rachar provocam ondas de suor durante a tarde, o melhor de Santorini acontece pela manhã e à noite. Cedinho, cedinho, o público é mais esportivo, explorador, perscrutador. É comum ver gente correndo, levando o cãozinho para passear, voltando da padaria com delícias quentinhas debaixo do braço. À noite, tudo muda radicalmente! Inacreditavelmente você ira se deparar com gente elegante andando de salto algo nas calçadas de mármores, gente bronzeada, gente descolada. Algumas pessoas mais discretas, outras estourando garrafas de champanhe sem o menor constrangimento. Dez entre dez celebridades, ricos e entusiastas de plantão, batem ponto religiosamente nos verões de Santorini. É uma comemoração à vida.
Até porque a ilha, que tem uma humidade acima da média de outras ilhas gregas, se gaba de ter um dos melhores vinhos do mundo! E olha, não é mentira não! Desta vez fui conhecer a vinícola Gavalas, que produz um dos mais respeitados vinhos em toda a Grécia. Artesanalmente, o dono e uma entusiasmada turma de empregados, produzem brancos e tintos como há centenas de anos. Hoje utilizam técnicas modernas de vinificação mas a forma de colher, o tempo para a maturação e o carinho na relação com as uvas continuam os mesmos. Das barricas da vinícola Gavalas saem excelentes tintos e bons brancos. Mas o ícone da casa continua sendo o vinho de sobremesa , o “Vin Santo”! De uma doçura divina, evocando frutos em compota e mel de alecrim, o nome do vinho é uma referencia à Santorini, claro! Mas bem que poderia ser santo mesmo! E tudo isso por conta do excepcional microclima único existente nesta ilha mágica.
Portanto não se surpreenda se, quando estiver em Santorini, acordar um dia e olhar tudo nublado, molhado, encharcado mesmo. Relaxe que, após o café da manhã, tudo estará sequinho e o sol voltará a brilhar forte! Não é a toa que, entra sai ano, com ou sem pandemia, Santorini continua na lista dos dez melhores locais para se conhecer no mundo. E, no caso do por do sol, disparado no topo da lista!
Fotos: Paulo Panayotis e Adriana Reis
Paulo Panayotis é jornalista especialista em turismo, mergulhador e fundador do Portal OQVPM - O Que Vi Pelo Mundo. Mora na Europa, tem passaporte carimbado em mais de 50 países e viaja com patrocínio e apoio Avis, Travel Ace e Alitalia.
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