Por Fernando Jorge

Eu estava num shopping quando ouvi uma jovem dizer para uma outra jovem:
– Ela se casou com um rapaz que além de feio é baixinho.
A outra jovem perguntou:
– O marido dela é mesmo baixinho, você chegou a vê-lo?
Resposta da outra, exibindo desprezo:
– Sim, eu vi o marido. Além de feio é baixinho!
Após ouvir esta conversa, eu pensei, mas que moça de inteligência estreita, que cabeça sem miolos...
E me lembrei deste curto provérbio:
“Tamanho não é documento.”
Também me lembrei de várias pessoas de pequena estatura e grande valor, de bela inteligência.
Lembrei-me da Princesa Isabel, a Redentora, mulher de pequena estatura, filha de D. Pedro II. Ela, no dia 13 de maio de 1888 assinou a Lei Aurea, a lei que acabou com a escravidão no Brasil.
Lembrei-me do pequeno Rui Barbosa, só pequeno fisicamente, porém um gigante por causa da sua inteligência, da sua cultura. Ele recebeu a alcunha de “A águia de Haia”, porque brilhou intensamente, como representante do Brasil na Conferência de Haia, no ano de 1907, realizada na Holanda.
Lembrei-me de outros brasileiros baixinhos, muito inteligentes, do gaúcho Getúlio Vargas, do jornalista Assis Chateaubriand, do ator Grande Otelo... E paro aqui, senão esta lista não termina. Limito-me a repetir o provérbio:
“Tamanho não é documento.”

Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
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