Por Fernando Jorge
Estou impressionado com a quantidade de cartas e telefonemas que tenho recebido por causa da história verdadeira apresentada no meu romance Eu amo os dois, lançado pela editora Novo Século. Nesse livro descrevo a minha paixão pela jovem cuja mãe sempre a aconselhava a namorar dois rapazes ao mesmo tempo, pois se um escapasse, ela ficaria garantida com o outro. De tanto ouvir o conselho da mãe, a moça passou a me namorar e também a namorar um primo. Ficou gostando dos dois, de maneira sincera, mas após descobrir isto, larguei-a, embora cheio de dor, de tristeza...
Acabo de receber uma carta de um rapaz de vinte e cinco anos, na qual ele salienta:
“Escritor e jornalista Fernando Jorge, depois de ler o seu romance Eu amo os dois, que é autobiográfico, contando a sua paixão por uma linda jovem que o senhor deixou de namorar porque ela namorava também o primo, devido ao conselho cretino de sua mãe, verdadeira débil mental, uma história mais ou menos semelhante à sua história, está acontecendo com a minha pessoa. Sinto-me em estado de fúria, como uma fera disposta a estraçalhar outra fera.”
Em seguida o autor da carta revela:
“Descobri que a minha namorada, sem seguir nenhum conselho, namora outro rapaz, de família bem rica. Comigo, ela o trai, com ele, a bandida me trai. Descobri ontem a traição. Que devo fazer, escritor? Dar-lhe um bofetão? Uma surra? Matá-la?”
Respondo, calma, rapaz, controle-se. Meta na sua cabeça, as dificuldades nasceram, existem, para serem vencidas e não para nos vencerem. Seja forte, paciente. E cito aqui estas palavras da Bíblia:
“Mais vale a paciência do que o heroísmo, mais vale quem domina o seu coração do que aquele que conquista uma cidade” (Provérbios, 16-32).
Último conselho para o meu revoltado leitor, perdoe a traidora, se ela ficar arrependida, como Jesus Cristo, na cruz, perdoou o ladrão arrependido.
Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
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