Por Fernando Jorge

O nome Paulo sempre esteve presente ao longo da minha vida, desde a infância, a adolescência e até mesmo na época em que estudei na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, nutrindo o forte desejo de vir a ser um ótimo advogado. Aliás, nessa faculdade, namorei uma linda e inteligente colega, chamada Paula, cujo nome, está bem claro, é a forma feminina do nome Paulo...
Três livros, escritos por mim, apresentam no título o nome Paulo... Vou citá-los.
O primeiro é Vida e obra do plagiário Paulo Francis – O mergulho da ignorância no poço da estupidez, no qual provo, socorrendo-me de rica documentação, que o Francis escrevia mal, apropriava-se de textos alheios e os reproduzia como se fossem seus. Além disso era racista, odiando de modo feroz os negros. Milhares de exemplares desse meu livro já foram vendidos. Lançado há mais de vinte anos, estou esperando, até hoje, que alguém me processe por ser um mentiroso, um caluniador...
O meu segundo livro com o nome Paulo no título é Vida, obra e época de Paulo Setúbal, um homem de alma ardente. Descrevo nele a existência do excelente autor dos livros A Marquesa de Santos, O Príncipe de Nassau, A bandeira de Fernão Dias, Os irmãos Leme, O sonho das esmeraldas, As maluquices do imperador, etc, obras que evocam episódios da história do nosso país, antes e depois da proclamação da Independência em 7 de setembro de 1822.
O meu terceiro livro com o nome Paulo no título é Paulo Coelho atacou Jesus Cristo e nele provo, de maneira insofismável, que Paulo Coelho infringiu o Artigo 208 do Código Penal brasileiro ao afirmar isto: Jesus era um “boa vida” (bom vivant), expressão aplicada a quem só quer gozar, divertir-se, ele, Jesus, transformou a água em vinho e não este em água, dando a entender que Jesus era alcoólatra, entregue ao vicio da embriaguez. E o Paulo também afirmou: Jesus Cristo foi “politicamente incorreto”. Blasfêmia, insulto, pois o Salvador teria sido “politicamente incorreto” se estivesse a serviço do Império Romano de sua época, um Império escravagista, violento, opressor.
Eu provei, de fato Paulo Coelho infringiu o Artigo 208 do Código Penal brasileiro. Tal artigo garante a inviolabilidade dos sentimentos religiosos e considera crime difamar o objeto de culto dos referidos sentimentos. Pena estipulada: detenção de um mês a um ano de cadeia, ou multa bem alta.
Provo ainda, no meu livro sobre o achincalhador de Jesus Cristo: ele afirmou ser capaz de fazer chover, ventar e ficar invisível. Afirmou isto ao ser entrevistado pela revista Playboy. Que absurdo, que mentiroso! Talvez o Paulo pense assim: posso soltar qualquer disparate porque os meus leitores são idiotas.

Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.
Commentaires