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Os riscos das notícias falsas para a segurança

Por Coronel Camilo


Em tempos de pandemia, o que mais surgem são orientações inadequadas e infundadas que só agravam ainda mais a situação. Um exemplo: “chá de limão com bicarbonato quente cura coronavírus”. Certamente você já escutou esta e outras informações falsas sobre a cura da Covid-19, o vírus que causou mortes no mundo todo e assustada a todos. Esse é um tipo comum de fake news, pois aborda um tema caro para as pessoas, que desejam uma cura, tornando mais fácil que sejam enganadas com uma solução que promete milagres.

Como sabemos, as notícia falsas, conhecidas como fake news, não são uma novidade e existem há muito tempo. A mais famosa é de 1938, onde um locutor da rádio CBS - Columbia Broadcasting System, parou sua programação musical para noticiar uma suposta invasão de marcianos aos Estados Unidos, gerando pânico em milhões de pessoas (Jens Teschke, 2020). Agora, ganharam um novo e perigoso contorno justamente pela potencialização propiciada pelo advento das redes sociais.

Vivemos em um mundo mais ágil, imediato, por vezes instantâneo, onde não se quer perder tempo e se tem o afã de dar a notícia em primeira mão, muitas pessoas se pautam pela “manchete” e não pelo “conteúdo” e, mesmo sem querer, acabam espalhando notícias falsas, levando a grandes erros, destruição de reputações e, infelizmente, a questões mais sérias que colocam em risco até a saúde do cidadão.

As fake news, termo que foi consolidado por Donald Trump nas eleições americanas de 2016, passam a ter consequências muito mais sérias quando as divulgações visam incentivo ao preconceito e à violência, aumento de surto de doenças, prejuízos morais ou financeiros de pessoas e empresas. Vale aqui citar o caso do presidente Trump que, sem medir o poder de sua fala, teria dito que tomar o detergente de uma marca famosa limparia o corpo de coronavírus. Pior: muitos americanos seguiram a dica e 30 deles foram parar no hospital (Viva Bem, UOL, 2020).

Outro episódio gravíssimo e de grande repercussão quando falamos de notícias falsas foi o da dona de casa Fabiane Maria de Jesus, espancada até a morte por dezenas de moradores de Guarujá, no litoral de São Paulo, no ano de 2014. O que gerou tal barbaridade foram informações publicadas em uma rede social, com um retrato falado de uma possível sequestradora de crianças para rituais de magia negra. A vítima foi confundida com a criminosa e acabou linchada por moradores (Mundo Educação, 2020).

É preciso ficar atento. A melhor maneira de se combater as fake news é não compartilhar aquilo que não se tem certeza da fonte. É importante lembrar que as coisas ruins, pitorescas, são aquelas que mais chamam a atenção das pessoas e é aí que surgem os aproveitadores. Por isso, desconfie quando uma postagem tiver conteúdo impressionante, cheque a fonte e a veracidade da informação antes de compartilhar. As notícias falsas são 70% mais difundidas do que as verdadeiras (Revista Galileu, 2018).

Outras ferramentas para evitar as falsas notícias são os sites que podem ajudar a identificar as fake news. Tais como: Agência Lupa, Aos Fatos, Truco, UOL Confere, Boatos.org, E-farsas e Fato ou fake. Sobre coronavírus, a melhor forma é visitar os sites oficiais das áreas da Saúde, pois lá encontramos informações confiáveis e seguras sobre o tema e, em quase todos, existem as “Perguntas Frequentes”, que explicam as principais dúvidas a respeito do tema

Existem duas perguntas básicas que devemos fazer sempre antes de compartilhar qualquer informação com nossos amigos e familiares: essa informação agrega valor? Esse compartilhamento não vai expor ou prejudicar alguém? Se a resposta for “não” à primeira ou “sim” à segunda, delete e não leve adiante. Colabore com um ambiente melhor, sem mentiras e dados infundados, principalmente agora, em meio à pandemia.


Coronel Camilo é secretário-executivo da Polícia Militar. É formado em Administração de empresas pelo Mackenzie, com bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul e pós-graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela FIAP e em Gestão de Segurança Pública pela Secretaria Nacional de Segurança Pública.

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