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Foto do escritorRedação JBA

Os dois imitaram Adolf Hitler

Por Fernando Jorge

Imagem: Getty

O ex-ditador Saddam Hussein recebeu a pena capital no dia 5 de novembro de 2006, pelo massacre de 148 xiitas no vilarejo de Dujail. Ele foi enforcado, como foram em Nuremberg, na madrugada de 16 de outubro de 1946, os nazistas Frank, Frick, Jodl, Keitel, Kaltenbrunner, Ribbentrop, Rosenberg, Streicher, Sauckel e Seyss-Inquart. Mas deixemos de lado a hipocrisia. Se Saddam mereceu estrebuchar-se na forca, não há a menor dúvida de que o genocida George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, também merece. Sim, pois Bush é tão assassino como foi Saddam, e acredito, até mais.


Devido a loucura tranquila do presidente norte-americano, 3 mil soldados do seu país já morreram estupidamente. Isto sem falar dos mais de 10 mil militares mutilados daquela nação, homens sem braços, sem pernas, sem olhos, vivendo agora em cadeiras de rodas (ver o artigo “Casualties of War-Military Care for the Wounded from Iraq and Afghanistan”, de Atul Gawand, publicado no número 24, de 9 de dezembro de 2004, da revista The New England Journal of Medicine). E segundo a ONG Iraq Body Count, até abril de 2005, no decorrer da guerra imunda de Bush, pelo menos 17.384 civis perderam a vida. Dado também de um relatório de Maria Ruzicka para o Human Rights Watch. Nascida na Califórnia, ela morreu no Iraque, aos 28 anos, quando o seu carro explodiu, atingido pela bomba de um suicida.


Colunista do New York Times, o bem informado Paul Krugman escreveu o seguinte, em maio de 2004:


“...Bush nos levou à guerra, a fim de eliminar armas que não existiam e punir Saddam por ligações imaginárias com a Al-Qaeda”.


Antes de Paul Krugman, em dezembro de 2004, o cineasta americano Michael Moore, autor do livro Stupid White Men, salientou no artigo “Finalmente pegamos o nosso Frankenstein”:


“Nós AMÁVAMOS Saddam. Nós o inventamos. Nós o armamos. Nós o ajudamos a intoxicar com gás as tropas iraquianas.”


E Michael Moore observou que os Bush, pai e filho, passaram a odiar Saddam porque este mandou invadir o Kuwait, querendo apossar-se das enormes reservas de petróleo desse país. Os interesses dos Bush estavam em perigo. Michael concluiu:


“Saddam nunca foi uma ameaça à nossa segurança nacional.”


Aliás, com uma franqueza perturbadora, Paul Wolfowitz, sub-secretário de Defesa dos Estados Unidos, admitira em Londres, no dia 4 de junho de 2003, que o petróleo foi a principal razão para George W. Bush declarar guerra ao Iraque. Jornais ingleses, como o Guardian, e alemães como o Die Welt e o Der Tagesspieguel, divulgaram essa confissão de Wolfowitz.


Quase dois anos depois do início da guerra do Iraque - guerra absurda e cretina - o genocida Bush defendeu a sua continuação, apesar da inexistência do arsenal que a motivou. Sob o comando de Charles Duelfer, cerca de 1.700 especialistas em armas destrutivas de grande alcance, não acharam nada, absolutamente nada, para provar a culpa de Saddam neste sentido.


Volto a enfatizar: se Saddam Hussein mereceu morrer na forca, o genocida George W. Bush também merece, pois, este americano é tão assassino como foi o ex-ditador do Iraque, e acredito, até mais.


Fernando Jorge é jornalista, escritor, historiador, biógrafo, crítico literário, dicionarista e enciclopedista brasileiro, Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, que acaba de ser lançado pela Editora Novo Século.

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