Olavito, pare de errar!
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Olavito, pare de errar!

Por Fernando Jorge

Reprodução/Twitter

Há um colunista do “Jornal do Brasil” que além de espezinhar a língua portuguesa, sempre me faz gargalhar, pois ele é extremamente cômico. Refiro-me ao senhor Olavo de Carvalho, o Diogo Mainardi da filosofia nacional. Aliás, eu lhe sou grato. Esse Olavo mirim (Olavo grande é Olavo Bilac), contribuiu deveras para aumentar a vendagem do meu livro “Vida e obra do plagiário Paulo Francis - O mergulho da ignorância no poço da estupidez”, cuja segunda edição já está esgotada. No seu obeso “O imbecil coletivo”, livro onde sobra a banha e falta o músculo, Olavinho de Carvalhinho, ou Olavinho de Pangaré, espinafra em onze páginas o meu volume sobre o Fran­cis, afirmando que este não era plagiário. Tenta provar isto com sofismas, com argumentos capciosos, aparentemente válidos, porém não conclusivos, reveladores de má-fé, de uma obtusidade córnea.


Olavinho jura: eu, Fernando Jorge, sou um “galo de bigodes”. Por quem sois, Olavinho filosofante, por quem sois! Agradeço-vos, penhorado, o vosso elogio, ou melhor, o vosso panegírico. Comparar-me a um “galo de bigodes” me desvaneceu, pois é bem melhor ser um galináceo viril, com crista rubra, peito altivo, esporão agudo, ameaçador, do que pintinho canhestro, pernibambo, cheio de pios fraquinhos e não de vibrantes cocoricós marciais!


Após ler o encômio do Olavinho, eu tive a impressão de ouvir, fluindo de sua boca algo triste, balbuciante, este ditirambo em meu louvor:

“Ave fébea que apregoa o dia,

Da matutina luz núncio canoro,

Ave que assusta o forte rei das feras,

Da tarda aurora o alígero pregoeiro."

Obrigado, Olavinho de Pangaré, obrigado, vós sois um bardo excelso. Dos meus olhos antes tão enxutos, uma afetuosa lágrima cai. A mim se me antolha que ao vos contemplar, cuido ver, na favela carioca da Rocinha, o Luiz Vaz de Camões redivivo!


Na ânsia insopitável - dir-se-ia histérica - de defender o Paulo Francis das minhas críticas, das minhas protérvias (insolências), o Olavinho o atacou, pois reconheceu que ele era “capaz de baixeza ocasio­nal, como todos nós” (página 585 de “O imbecil coletivo”). Alto lá, Ola­vinho de Pangaré, eu protesto! Todos nós, volta e meia, cometemos atos de baixeza? Não nos difame! Respeite-nos!


Paulo Francis nunca foi plagiário, sustenta o meu panegirista. Ah, é? Então me esclareça, Olavinho de Pangaré, por que o Ruy Castro, na página 119 do seu livro “O poder de mau humor”, lançado pela Companhia das Letras em 1993, atribuiu este pensamento ao Francis:


“O nacionalismo é uma doença infantil. É o sarampo da humanidade.”

Sabe por quê, Olavinho? É porque o Francis se apoderou deste conceito do Einstein e o publicou como sendo de sua lavra! O Ruy Castro não viu o plágio. Compreendeu?


José Lino Grünewald, num artigo sobre o livro “Waaal”, publicado na edição do dia 7 de setembro de 1996 do jornal “O Globo”, enalteceu a seguinte frase do Francis:


“Matamos o tempo e o tempo nos enterra.”

Um leitor de “O Globo”, o senhor Miguel Tavares, emitiu um protesto, aparecido na edição do dia 28 de setembro de 1996 do citado jornal, onde provou que esta sentença não é do Paulo Francis e sim do Ma­chado de Assis, colocada pelo mestre no capítulo 119 das “Memórias póstumas de Brás Cubas”.


Eis aí, portanto, duas provas insofismáveis, eloquentíssimas, dos plágios nojentos do Francis. E o Olavo de Carvalho tentou mostrar, em onze páginas do seu sonífero “O imbecil coletivo”, verdadeira catadupa de sofismas vitimados por anemia profunda, que o Paulo Francis não foi um gatuno literário!


Fernando Jorge é jornalista, escritor, historiador, biógrafo, crítico literário, dicionarista e enciclopedista brasileiro, Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, que acaba de ser lançado pela Editora Novo Século.

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