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O feroz ódio do racista Paulo Francis contra os negros

Por Fernando Jorge

Redação JBA

Ao ser entrevistado pelos repórteres do Jornal do Brasil por causa do meu livro contra o Paulo Francis, eles me apresentaram a um homem de cor chamado Sebastião Ferreira da Silva, o “Ferreirinha”, ex-motorista da Folha de S.Paulo. Os repórteres me disseram, rindo:


– Este é o Ferreirinha, que adora o Paulo Francis.


Ele respondeu:


– É mentira, eu odeio o Francis.


E explicou, enquanto os repórteres continuavam a rir:


– Quando eu era motorista da Folha de S.Paulo, o meu chefe, lá na garagem, me disse:


– O Paulo Francis veio de Nova York e vai ficar aqui em São Paulo durante quinze dias. Vá todas as manhãs ao seu apartamento, perto da Folha, para o levar de automóvel a qualquer lugar.


E o Ferreirinha prosseguiu, após soltar um pigarro:


– No dia seguinte, às dez horas da manhã, fui lá no seu apartamento. Ele estava sentado num sofá, com a porta do apartamento aberta. Falou assim:


– Você já chegou, meu escravo?


Perguntei:


– Escravo?

A resposta dele:


– É, você é meu escravo, porque é preto, nordestino, pernambucano, de uma raça inferior, que só existe para ser escrava de nós, os brancos.


– E aí? – indaguei.


– Aí eu disse, não senhor, não sou escravo de ninguém.


O Francis berrou:


– É sim, você é meu escravo porque é preto, não proteste, senão farei você perder o seu emprego.


Eu quis saber:


– Ele não estava bêbado ou drogado?


– Não doutor. Durante quinze dias me chamou de escravo. Eu não aguentava mais. Só não me chamava de escravo na frente dos outros. No último dia, o da sua volta dos Estados Unidos, depois dele me chamar de escravo, perdi a paciência, escarrei na sua cara e arrebentei com pontapés as suas quinze malas de lona.

Narrei isto no meu livro Vida e obra do plagiário Paulo Francis – O mergulho da ignorância no poço da estupidez, lançado pela Geração Editorial, e já na terceira edição.


Fernando Jorge é jornalista, escritor, dicionarista e enciclopedista brasileiro. Autor de várias obras biográficas e históricas que lhe renderam alguns prêmios como o Prêmio Jabuti de 1962. É autor do livro “Eu amo os dois”, lançado pela Editora Novo Século.

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